Capítulo 111, Al-Masad (O Esparto)
Descrição: Este capítulo refere-se a um tio do Profeta que se opôs a ele ferozmente, assim como sua esposa. Ele insultou o Profeta com 'Tabban Lak' ('que você pereça!'). Este capítulo de Meca foi a resposta.
- Por Imam Kamil Mufti (© 2019 IslamReligion.com)
- Publicado em 09 Sep 2019
- Última modificação em 09 Sep 2019
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Introdução
Abu Lahab era o tio do Profeta Muhammad, que a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam sobre ele. Lahab significa chamas e, portanto, ele foi apelidado assim por causa do olhar radiante em seu rosto. Juntamente com sua esposa, Abu Lahab foi um dos adversários mais hostis do Mensageiro de Deus e das ideias que ele propagou.
Rabi`ah, filho de `Abbad, recorda: "Quando eu era jovem, certa vez assisti, com meu pai, o Mensageiro de Deus pregando o Islã às tribos árabes, dizendo 'Ó filhos de... (chamando seus respectivos nomes tribais), sou o Mensageiro de Deus enviado para ordenar que se submetam e adorem somente a Ele, invocando nada mais além Dele, e acreditem em mim e me protejam até que eu realize o que Deus me confiou.' Um homem de rosto vesgo e de olhos brilhantes estava atrás dele, que costumava dizer, depois de ele ter terminado: 'Ó filhos de... esse homem quer que abandonem al-Laat e al-`Uzza (dois ídolos adorados pelos árabes pagãos) e seus aliados dos gênios, os filhos de Malik ibn Aqmas, e os substituam por essas inovações e tolices que ele inventou. Não deem ouvidos a ele e nem sigam o que ele prega.' Perguntei ao meu pai quem era aquele homem e ele me disse que era Abu Lahab, o tio do Profeta."
Sua esposa Arwa bint Harb ibn Umayyah deu-lhe apoio inabalável em sua campanha implacável e virulenta.
Um dia, o Profeta saiu para uma grande praça em Meca, subiu uma colina e convocou o povo dos coraixitas. Quando chegaram a ele, o Profeta se dirigiu a eles, dizendo: "Se eu disser que um inimigo está se aproximando e vai atacá-los amanhã de manhã ou à noite, acreditariam em mim?" "Sim", responderam eles. "Ouçam-me", continuou, "estou avisando do tormento horrível de Deus". Abu Lahab estava lá e o interrompeu: "Maldito seja! Por isso você nos chamou?" Então este capítulo foi revelado.
Outro exemplo foi quando o clã de Hashim, o próprio clã do Profeta Muhammad, sob a liderança de Abu Ţalib, decidiu com base na lealdade tribal proteger o Profeta, apesar da rejeição da religião que ele pregava. Abu Lahab foi o único a assumir uma posição diferente. Apesar de pertencer ao mesmo clã, ele se juntou com os Coraixitas que se opunham, e estava com eles na assinatura do documento impondo um completo boicote social e de negócios sobre o clã de Hashim, para fazê-los morrer de fome a menos que entregassem o Profeta.
Abu Lahab também ordenou a seus dois filhos que renunciassem às duas filhas de Muhammad, com quem haviam se comprometido antes da designação profética de Muhammad. Seu objetivo era sobrecarregar o Profeta com suas despesas de vida e de bem-estar.
Assim, Abu Lahab e sua esposa, Arwa, que também era chamada de Umm Jameel, continuaram com seu ataque persistente contra o Profeta e sua mensagem. O fato de serem vizinhos próximos do Profeta piorava a situação. Dizem-nos que Umm Jameel costumava carregar espinhos e madeira afiada e colocá-los ao longo do caminho do Profeta.
Este capítulo foi revelado como um contra-ataque contra a campanha hostil de Abu Lahab e sua esposa. Deus tomou para Si a palavra final em nome de Seu Mensageiro.
Versículos 1-3 A punição de Abu Lahab
O termo árabe, tabba, traduzido como 'condenado' também significa fracasso e isolamento. O termo é usado duas vezes em dois sentidos diferentes. Ele é usado primeiro como uma súplica, enquanto no segundo caso implica que a súplica já foi atendida. Então, em um versículo curto, uma ação é realizada e abre as cortinas sobre uma cena de batalha. O que se segue é apenas uma descrição do que aconteceu com a observação de que "sua riqueza e seus ganhos não lhe valerão nada". (Versículo 2) Ele não tem como escapar. Ele é derrotado, vencido e amaldiçoado. Este foi o destino dele neste mundo, mas na outra vida "ele terá que suportar um fogo flamejante". (Versículo 3) O fogo é descrito como tendo chamas, a fim de enfatizar que é furioso.
Versículos 4-5 A punição de sua esposa
"E sua esposa, portadora de lenha", residirá ali com ele tendo "uma corda de fibra de palmeira em volta do pescoço", com a qual, por assim dizer, ela está sendo arrastada para o Inferno, ou que ela usou para prender madeira, de acordo com a interpretação literal ou metafórica do texto.
A linguagem deste capítulo alcança notável harmonia entre o assunto e a atmosfera construída em torno dele. O inferno, com sua ardente labareda ou chamas, será habitado por Abu Lahab. Ao mesmo tempo, sua esposa, que coleciona espinhos e madeiras afiados, materiais que podem aumentar significativamente a chama, será recebida com o mesmo fogo com uma corda amarrada em volta do pescoço, embrulhada como lenha. As palavras e as imagens retratadas são perfeitamente combinadas: a punição é apresentada como sendo da mesma natureza que a ação: madeira, corda, fogo e lahab!
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