O Terceiro Pilar do Islã: Caridade Compulsória
Descrição: Uma introdução ao terceiro pilar do Islã, a caridade compulsória ou zakat, as dimensões espirituais do zakat e caridade, e como o Islã vê o dinheiro em geral.
- Por IslamReligion.com
- Publicado em 09 Feb 2009
- Última modificação em 10 Jun 2018
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A caridade não é apenas recomendada pelo Islã, mas é requerida de todo muçulmano financeiramente estável. Dar caridade àqueles que a merecem é parte do caráter do muçulmano e um dos Cinco Pilares da prática islâmica. O Zakat é visto como “caridade compulsória”; é uma obrigação daqueles que receberam sua riqueza de Deus responder aos membros necessitados da comunidade. Desprovidas de sentimentos de amor universal, algumas pessoas só sabem acumular fortuna e aumentá-la emprestando com juros. Os ensinamentos do Islã são a verdadeira antítese dessa atitude. O Islã encoraja o compartilhamento da riqueza com outros e ajuda as pessoas a se estabelecerem e serem membros produtivos da sociedade.
Em árabe é conhecido como zakat, que literalmente significa “purificação”, porque se considera que o zakat purifica o coração da ganância. O amor pela riqueza é natural e é preciso uma crença firme em Deus para uma pessoa se desfazer de parte de sua riqueza. O Zakat deve ser pago sobre categorias diferentes de propriedade – ouro, prata, dinheiro; gado, produção agrícola; e mercadorias – é pagável a cada ano após um ano de posse (dos bens). Requer uma contribuição anual de 2,5% dos bens e fortuna do indivíduo.
Como a oração, que é tanto uma responsabilidade individual quanto comunitária, o zakat expressa a adoração e agradecimento do muçulmano a Deus, ao ajudar os necessitados. No Islã, o verdadeiro proprietário das coisas não é o homem, mas Deus. A aquisição de riquezas como um fim, ou para aumentar o valor de um homem, é condenada. A mera aquisição de riqueza não conta nada aos olhos de Deus. Não dá ao homem qualquer mérito nessa vida ou na vida futura. O Islã ensina que as pessoas devem adquirir riqueza com a intenção de gastá-la em suas próprias necessidades e nas necessidades de outros.
“‘O homem’, disse o Profeta, ‘diz: Minha riqueza! Minha riqueza!’ Vocês não têm mais riqueza, exceto a que dão como caridade e, assim, preserva, gasta e destroça, come e consome?”
Todo o conceito de riqueza é considerado como um presente de Deus no Islã. Deus, que a provê para a pessoa, destinou uma porção dela para o pobre, e assim o pobre tem direito sobre essa riqueza. O Zakat relembra os muçulmanos que tudo que eles têm pertence a Deus. As pessoas recebem suas fortunas como uma custódia de Deus, e o zakat tem a finalidade de livrar os muçulmanos do amor pelo dinheiro. O dinheiro pago no zakat não é algo que Deus precise ou receba. Ele está acima de qualquer tipo de dependência. Deus, em Sua misericórdia infinita, promete recompensas pela ajuda aos necessitados com a condição básica de que o zakat seja pago em nome de Deus; ninguém deve esperar ou exigir ganhos mundanos dos beneficiários nem ter como objetivo fazer nome como filantropo. Os sentimentos de um beneficiário não devem ser feridos fazendo-o se sentir inferior ou relembrando-o da ajuda.
O dinheiro dado como zakat só pode ser usado em certas coisas específicas. A Lei Islâmica estipula que a caridade seja usada para ajudar os pobres, órfãos e viúvas, para libertar escravos e devedores, e outros necessitados, como mencionado especificamente no Alcorão (9:60). O Zakat, que se desenvolveu há quatorze séculos, funciona como uma forma de seguridade social na sociedade muçulmana.
As escrituras judaica e cristã não louvam a libertação de escravos equiparando-a a adoração. De fato, o Islã é único nas religiões mundiais ao exigir dos crentes que ajudem financeiramente os escravos a obterem sua liberdade e elevou a libertação de um escravo a um ato de adoração – se é feito para agradar a Deus.
Sob os califados, a coleta e dispêndio do zakat era uma função do estado. No mundo islâmico contemporâneo, isso foi deixado por conta do indivíduo, exceto em alguns países nos quais o estado cumpre esse papel até certo ponto. A maioria dos muçulmanos no Ocidente dispersa o zakat através de entidades de caridade islâmicas, mesquitas, ou dando diretamente aos pobres. O dinheiro não é coletado durante serviços religiosos ou via pratos de coleta, mas algumas mesquitas mantêm uma caixa de coleta para aqueles que desejam que elas distribuam o zakat em seu nome. Ao contrário do zakat, fazer outras formas de caridade em particular, até mesmo em segredo, é considerado melhor, de modo a manter a intenção puramente por Deus.
Além do zakat, o Alcorão e Hadith (ditos e atos do Profeta Muhammad, que Deus exalte a sua menção) também enfatizam a sadaqah, ou caridade voluntária, para os necessitados. O Alcorão enfatiza alimentar o faminto, vestir o despido, ajudar o necessitado, e que quanto mais alguém ajuda, mais Deus ajuda a essa pessoa, e que quanto mais se dá, mais Deus dá à pessoa. A pessoa sente que está cuidando dos outros e que Deus está cuidando dela.