Proteção Ambiental no Islã (parte 1 de 7): Uma Introdução Geral

Classificação:
Tamanho da fonte:
A- A A+

Descrição: Uma introdução geral à atitude do Islã em relação ao universo, recursos naturais e a relação entre homem e natureza.

  • Por Dr. A. Bagader, Dr. A. El-Sabbagh, Dr. M. Al-Glayand e Dr. M. Samarrai (editado por IslamReligion. c
  • Publicado em 25 Apr 2011
  • Última modificação em 19 Feb 2012
  • Impresso: 274
  • 'Visualizado: 26,758
  • Classificação: 2.4 de 5
  • Classificado por: 76
  • Enviado por email: 0
  • Comentado em: 0
Pobre Melhor

Environmental_Protection_in_Islam_(part_1_of_7)_PT-BR_001.jpgDeus criou tudo nesse universo na devida proporção e medida, tanto quantitativa quanto qualitativamente.  Deus declarou no Alcorão:

“Em verdade, criamos todas as coisas predestinadamente.” (Alcorão 54:49)

“...com Ele tudo tem sua medida apropriada.” (Alcorão 13:8)

“E elevou o firmamento e estabeleceu a balança da justiça.” (Alcorão 55:7)

No universo existe uma enorme diversidade e variedade de formas e funções.  O universo e seus vários elementos atendem ao bem-estar humano e são evidência da grandeza do Criador; Ele é Quem determina e ordena todas as coisas e não existe nada que Ele criou que não celebre e declare Seus louvores.

“Não reparas, acaso, em que tudo quanto há nos céus e na terra glorifica a Deus, inclusive os pássaros, ao estenderem as suas asas? Cada um está ciente do seu (modo de) orar e louvar. E Deus é Sabedor de tudo quanto fazem.” (Alcorão 24:41)

Cada coisa que Deus criou é um sinal extraordinário, cheio de significado; apontando além de si para a glória e grandeza de seu Criador, Sua sabedoria e Seus propósitos.

“Foi Ele Quem vos destinou a terra por leito, traçou-vos caminhos por ela, e envia água do céu, com a qual faz germinar distintos pares de plantas. Comei e apascentai o vosso gado! Em verdade, nisto há sinais para os sensatos.”(Alcorão 20:53-54)

Deus não criou nada nesse universo em vão, sem sabedoria, valor e propósito.  Deus diz:

“E não criamos os céus e a terra e tudo quanto existe entre ambos para Nos distrairmos. Não os criamos senão com prudência.” (Alcorão 44:38-39)

Sendo assim, a visão islâmica revelada no Alcorão é de um universo imbuído de valor.  Todas as coisas no universo são criadas para servir ao Único Senhor Que sustenta todas elas através umas das outras e Que controla os ciclos milagrosos da vida e da morte:

“Deus é o Germinador das plantas graníferas e das nucleadas! Ele faz surgir o vivo do morto e extrai o morto do vivo. Isto é Deus! Como, pois, vos desviais?” (Alcorão 6:95)

Vida e morte são criadas por Deus para que Ele possa ser servido através de boas ações.

“Bendito seja Aquele em Cujas mãos está a Soberania, e que é Onipotente; Que criou a vida e a morte, para testar quem de vós melhor se comporta - porque é o Poderoso, o Indulgentíssimo.” (Alcorão 67:1-2)

 Todos os seres criados são criados para servir ao Senhor de todos os seres e na execução de seus papéis determinados em uma sociedade projetada de forma coesiva, eles se beneficiam mais mutuamente nesse mundo e no outro.  Isso leva a uma simbiose cósmica (takaful).  O bem comum universal é um princípio que permeia o universo e uma implicação importante da Unicidade de Deus, porque se pode servir ao Senhor de todas as coisas trabalhando pelo bem comum.

O homem é parte desse universo, de fato elementos que se complementam mutuamente em um todo integrado. O homem é uma parte distinta do universo e tem uma posição especial entre suas outras partes.  A relação entre homem e universo, como definida e explicada no Glorioso Alcorão e nos ensinamentos proféticos, é a seguinte:

·Uma relação de meditação, consideração e contemplação do universo e o que ele contém.

·Uma relação de utilização e desenvolvimento sustentável e emprego para benefício do homem e atendimento de seus interesses.

·Uma relação de cuidado e proteção porque as boas ações do homem não estão limitadas ao benefício da espécie humana, mas se estendem ao benefício de todos os seres criados e “existe uma recompensa por fazer o bem a todas as coisas vivas.” (Saheeh Al-Bukhari)

A sabedoria de Deus determinou a administração (khilafa) da terra aos seres humanos.  Sendo assim, além de ser parte da terra e do universo, o homem também é o executor das injunções e mandamentos de Deus.  Ele é somente um gerente da terra e não um proprietário; um beneficiário e não um dirigente ou mandante.  O céu e a terra e tudo que contêm pertencem somente a Deus.  Ao homem foi concedida a administração para gerenciar a terra de acordo com os propósitos pretendidos por seu Criador; para usá-la para seu próprio benefício e em benefício de outros seres criados e para o cumprimento de seus interesses e dos outros.  Está assim encarregado de sua manutenção e cuidado e deve usá-la como um curador, dentro dos limites ditados por sua custódia.  O Profeta declarou:

“O mundo é belo e verdejante e, verdadeiramente, Deus, seja Ele exaltado, os fez Seus gerentes nele e Ele vê como se comportam.” (Saheeh Muslim)

Todos os recursos dos quais a vida depende foram criados por Deus como uma custódia sob nosso cuidado.  Ele ordenou o sustento para todas as pessoas e para todas as coisas vivas.

“E sobre ela (a terra) fixou firmes montanhas, e abençoou-a e distribuiu, proporcionalmente, o sustento aos necessitados, em quatro dias.” (Alcorão 41:10)

Assim, no Islã a utilização desses recursos é o direito e privilégio de todas as pessoas e todas as espécies.  Portanto, o homem deve tomar todas as precauções para assegurar os interesses e direitos de todos os outros, uma vez que são parceiros iguais na terra.  Da mesma forma, ele não deve considerar isso como restrito a uma geração em detrimento de todas as outras gerações.  É, ao contrário, uma responsabilidade conjunta na qual cada geração usa e faz o melhor uso da natureza, de acordo com sua necessidade, sem interromper ou afetar de forma adversa os interesses de gerações futuras.  Consequentemente, o homem não deve abusar, utilizar mal ou distorcer os recursos naturais uma vez que cada geração tem direito a se beneficiar deles, mas não tem o direito de se “apropriar” deles no sentido absoluto.

O direito de utilizar e se beneficiar de recursos naturais, que Deus concedeu ao homem, necessariamente envolve uma obrigação da parte do homem de conservá-los tanto quantitativa quanto qualitativamente.  Deus criou todas as fontes de vida para o homem e todos os recursos da natureza que ele precisa, para que possa perceber objetivos como contemplação e adoração, habitação e construção, utilização sustentável e desfrute e apreciação de beleza.  Como consequência, o homem não tem direito de provocar a degradação do ambiente e distorcer sua adequação intrínseca para a vida e assentamento humanos.   Nem tem ele o direito de explorar ou usar os recursos naturais imprudentemente de maneira a prejudicar as bases alimentares e outras fontes de subsistência para os seres vivos ou expô-los à destruição e poluição.

Embora a atitude do Islã com o meio ambiente, fontes de vida e recursos naturais seja baseada em parte na proibição do abuso, também é baseada na construção e desenvolvimento sustentáveis.  Essa integração do desenvolvimento e conservação de recursos naturais é clara na idéia de levar vida a terra fazendo-a florescer através da agricultura, cultivo e construção.  Deus diz:

“...Ele foi Quem vos criou a terra e nela vos enraizou.” (Alcorão 11:61)

O Profeta declarou:

“Se qualquer muçulmano planta uma árvore ou semeia um campo, e um humano, pássaro ou animal se alimenta disso, será contado como caridade para ele.” (Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim)

“Se alguém planta uma árvore, nenhum ser humano ou qualquer das criaturas de Deus comerão dela sem que seja contado como caridade para esse alguém.” [1]

“Se o dia da ressurreição chegar para algum de vocês com uma muda na não, que a plante.” [2]

A abordagem do Islã em relação ao uso e desenvolvimento dos recursos da terra foi apresentado por Ali ibn Abi-Talib, o quarto califa, a um homem que tinha desenvolvido e reivindicado uma terra abandonada:

“Partilhe dela com alegria, enquanto for um benfeitor e não um espoliador; um cultivador e não um destruidor.” [3]

Essa atitude positiva envolve adotar medidas para melhorar todos os aspectos da vida: saúde, nutrição e as dimensões psicológicas e espirituais, para o benefício do homem e manutenção de seu bem-estar, assim como o aprimoramento da vida para todas as gerações futuras.  Como é mostrado nas declarações proféticas acima, o objetivo da conservação e desenvolvimento do meio ambiente no islã é para o bem universal de todos os seres criados.



Footnotes:

[1] Relato sólido relatado por Imam Ahmad no Musnad e por Tabarani em al-Mu’jam al-Kabir.

[2] Relato sólido relatado por Imam Ahmad no Musnad, por Bukhari em al-Adab al-Mufrad e por Abu Dawud at-Tayalisi em seu Musnad.

[3] Relatado por Yahya ibn Adam al-Qurashi em Kitab al-Kharaj sobre a autoridade de  Sa’id ad-Dabbi.

Pobre Melhor

Proteção Ambiental no Islã (parte 2 de 7): Conservação de Recursos Naturais Básicos

Classificação:
Tamanho da fonte:
A- A A+

Descrição: Os papéis religioso e social de cada criatura no universo criam uma balança e equilíbrio que demandam sua preservação.

  • Por Dr. A. Bagader, Dr. A. El-Sabbagh, Dr. M. Al-Glayand e Dr. M. Samarrai (editado por IslamReligion. c
  • Publicado em 02 May 2011
  • Última modificação em 02 May 2011
  • Impresso: 181
  • 'Visualizado: 24,072
  • Classificação: nenhum ainda
  • Classificado por: 0
  • Enviado por email: 0
  • Comentado em: 0
Pobre Melhor

Environmental_Protection_in_Islam_(part_2_of_7)_PT-BR_001.jpgEm todo o universo o cuidado divino por todas as coisas e a sabedoria que permeia os elementos da criação podem ser percebidos, atestando o Sábio Criador.  O glorioso Alcorão deixou claro que cada coisa e toda criatura no universo, conhecida ou não pelo homem, desempenha duas funções principais: uma função religiosa na medida em que evidencia a presença, infinita sabedoria, poder e graça do Criador e uma função social, a serviço do homem e outros seres criados.

A sabedoria de Deus determinou que Suas criaturas se servissem mutuamente.  A medida e distribuição divinamente designadas de todos os elementos e criaturas, cada qual desempenhando seu papel predestinado e valioso, compõem o equilíbrio dinâmico através do qual a criação é mantida.  Exploração exagerada, abuso, mau uso, destruição e poluição de recursos naturais são transgressões contra o esquema divino.  Como interesses pessoais de visão limitada tendem sempre a tentar os homens a interromper o equilíbrio dinâmico estabelecido por Deus, a proteção de todos os recursos naturais de abuso é um dever mandatório.

No esquema divino em que todas as criaturas são feitas para se servirem mutuamente, a sabedoria de Deus fez todas as coisas a serviço da humanidade.  Mas em lugar nenhum Deus indicou que foram criadas apenas para servirem os seres humanos.  Ao contrário, os estudiosos legais muçulmanos mantêm que o serviço do homem não é o único propósito para o qual foram criadas. Com relação ao que Deus disse:

“Deus foi Quem criou os céus e a terra e é Quem envia a água do céu, com a qual produz os frutos para o vosso sustento! Submeteu, para vós, os navios que, com a Sua anuência, singram os mares, e submeteu, para vós, os rios. Submeteu, para vós, o sol e a luz, que seguem os seus cursos; submeteu para vós, a noite e o dia. E vos agraciou com tudo quanto Lhe pedistes. E se contardes as mercês de Deus, não podereis enumerá-las. Sabei que o homem é iníquo e ingrato por excelência.”(Alcorão 14:32-34)

... e versículos semelhantes nos quais Deus declara que criou Suas criações para os filhos de Adão; é bem sabido que Deus em Sua grande sabedoria exaltou seus propósitos além do serviço ao homem e propósitos maiores que o serviço ao homem.  Entretanto, deixa claro para os filhos de Adão quais benefícios existem nessas criaturas e que graças concedeu à humanidade.”·”.

Mesmo as funções societais de todas as coisas são de importância vital, sendo que a função primária de todos os seres criados como sinais de seu Criador constitui a base legal mais sólida para a conservação do meio ambiente.  Não é possível basear a proteção de nosso meio ambiente somente em nossas necessidades por seus serviços, uma vez que esses serviços têm apenas valor e motivo de apoio.

Como não podemos estar cientes de todas as funções benéficas de todas as coisas, basear nossos esforços de conservação somente nos benefícios ambientais para o homem levaria inevitavelmente à distorção do equilíbrio dinâmico estabelecido por Deus e ao mau uso de Sua criação, prejudicando assim esses mesmos benefícios ambientais.  Entretanto, quando baseamos a conservação e proteção do meio ambiente em seu valor como sinal de seu Criador, não podemos omitir nada.  Cada elemento e espécie têm seu papel único e individual a desempenhar na glorificação de Deus e em fazer o homem conhecer e compreender seu Criador mostrando-lhe, através de sua existência e usos o poder, sabedoria e misericórdia infinitos de Deus.  É impossível tolerar a ruína e perda intencionais de quaisquer dos elementos e espécies básicos da criação ou pensar que a existência continuada do restante é suficiente para nos levar a contemplar a glória, sabedoria e poder de Deus em todos os aspectos pretendidos.  De fato, as espécies diferem em suas qualidades especiais e cada uma evidencia a glória de Deus de maneiras que lhes são únicas.

Além disso, todos os seres humanos e também o gado e a vida selvagem, têm o direito de compartilhar nos recursos da terra.  O abuso do homem de qualquer recurso, como água, ar, terra e solo e também de outras criaturas vivas como plantas e animais é proibido e é prescrito o melhor uso de todos os recursos, vivos ou não.

Pobre Melhor

Proteção Ambiental no Islã (parte 3 de 7): A Conservação de Elementos Naturais Básicos - Água

Classificação:
Tamanho da fonte:
A- A A+

Descrição: O papel da água no meio ambiente e a injunção islâmica para conservação desse elemento vital e fundamental à preservação e continuação da vida.

  • Por Dr. A. Bagader, Dr. A. El-Sabbagh, Dr. M. Al-Glayand e Dr. M. Samarrai (editado por IslamReligion. c
  • Publicado em 02 May 2011
  • Última modificação em 02 May 2011
  • Impresso: 415
  • 'Visualizado: 24,937
  • Classificação: nenhum ainda
  • Classificado por: 0
  • Enviado por email: 0
  • Comentado em: 0
Pobre Melhor

Environmental_Protection_in_Islam_(part_3_of_7)_PT-BR_001.jpgDeus fez da água a base e origem da vida.   Deus diz:

“...criamos todos os seres vivos da água...” (Alcorão 21:30)

Plantas, animais e o homem dependem todos da água para sua existência e para a continuação de suas vidas.  Deus disse:

“...na água que Deus envia do céu, com a qual vivifica a terra...” (Alcorão 2:164)

“É Ele Quem envia a água do céu. Com ela, fizemos germinar todas as classes de plantas…”  (Alcorão 6:99)

“E observai que a terra é árida; não obstante, quando (Nós) fazemos descer a água sobre ela, move-se e se impregna de fertilidade, fazendo brotar todas as classes de pares de viçosos (frutos).” (Alcorão 22:5)

“Enviamos do céu água pura, para com ela reviver uma terra árida, e com ela saciar tudo quanto temos criado: animais e humanos.” (Alcorão 25:48-49)

Deus conclamou o homem a apreciar o valor dessa fonte tão essencial de vida:

“Haveis reparado, acaso, na água que bebeis?  Sois vós, ou somente somos Nós Quem a faz descer das nuvens?  Se quiséssemos, fá-la-íamos salobra. Por que, pois, não agradeceis?” (Alcorão 56:68-70)

“Dize: Que vos parece? Se a vossa água, ao amanhecer, tivesse sido toda absorvida (pela terra), quem faria manar água potável para vós?” (Alcorão 67:30)

Além dessa função vital, a água tem outra função sociorreligiosa a realizar, que é a purificação do corpo e roupas de toda a sujeira e impurezas para que o homem possa encontrar Deus limpo e puro.  Deus disse no glorioso Alcorão:

“...enviou-vos água do céu para, com ela, vos purificardes...” (Alcorão 8:11)

Deus também nos mostrou outras funções da água dos lagos, mares e oceanos.  Fez dela o habitat de muitos seres criados que desempenham papéis vitais na perpetuação da vida e desenvolvimento desse mundo.  Deus disse:

“E foi Ele Quem submeteu, para vós, o mar para que dele comêsseis carne fresca e retirásseis certos ornamentos com que vos enfeitais. Vedes nele os navios sulcando as águas, à procura de algo de Sua graça; quiçá sejais agradecidos.” (Alcorão 16:14)

“Está-vos permitida a caça aquática; e seu produto pode servir de visão, tanto para vós como para os viajantes.”  (Alcorão 5:96)

Não há dúvida que a conservação desse elemento vital é fundamental à preservação e continuação da vida em suas várias formas, vegetal, animal e humana.  Também é obrigatório, na lei islâmica, que o que quer que seja indispensável para atender a obrigação imperativa de preservar a vida seja, em si, obrigatório.  Qualquer ação que obstrua ou impeça as funções biológica e social desse elemento, seja pela sua destruição ou poluição com qualquer substância que a torne um ambiente inadequado para as coisas vivas ou impeça de alguma forma sua função como base da vida; esse tipo de ação necessariamente leva ao impedimento ou ruína da vida em si e o princípio jurídico é: “o que quer que leve ao proibido é em si proibido.”

Devido à importância da água como base da vida, Deus fez seu uso o direito comum de todos os seres vivos e todos os seres humanos.  Todos têm direito a usá-la sem monopólio, usurpação, espoliação, desperdício ou abuso.  Deus ordenou com relação ao povo de Tamude e seus camelos:

“E anuncia-lhes que a água deverá ser compartilhada entre eles...” (Alcorão 54:28)

e o Profeta disse:

“Os muçulmanos devem compartilhar essas três coisas: água, pasto e fogo.”[1]

A extravagância no uso dá água é proibida; isso se aplica ao uso particular e também público e se a água é escassa ou abundante.  É relatado que o Profeta passou por seu companheiro Sa’d, que estava se lavando para a oração, e disse:

“Que desperdício é esse, ó Sa’d?”

“Há desperdício na lavagem para oração?”  perguntou Sa’d e

ele disse: “Sim, mesmo que você esteja em um rio de água corrente!”[2]

A longa experiência de juristas muçulmanos na alocação de direitos sobre a água em terras áridas suscitou um exemplo notável de uso sustentável de uma fonte escassa; um exemplo que é de relevância crescente em um mundo em que recursos que antes eram abundantes estão se tornando progressivamente mais escassos.



Footnotes:

[1] Abu-Dawud, Ibn Majah e al-Khallal.

[2] Ibn Majah.

Pobre Melhor

Proteção Ambiental no Islã (parte 4 de 7): Ar, Terra e Solo

Classificação:
Tamanho da fonte:
A- A A+

Descrição: A visão islâmica do papel do ar, terra e solo no meio ambiente e como a conservação desses elementos vitais é fundamental à preservação e continuação da vida.

  • Por Dr. A. Bagader, Dr. A. El-Sabbagh, Dr. M. Al-Glayand e Dr. M. Samarrai (editado por IslamReligion. c
  • Publicado em 09 May 2011
  • Última modificação em 09 May 2011
  • Impresso: 180
  • 'Visualizado: 25,157
  • Classificação: nenhum ainda
  • Classificado por: 0
  • Enviado por email: 0
  • Comentado em: 0
Pobre Melhor

2.      Ar

Environmental_Protection_in_Islam_(part_4_of_7)_PT-BR_001.jpgEsse elemento não é menos importante que a água para a perpetuação e preservação da vida.  Quase todas as criaturas terrestres são profundamente dependentes do ar que respiram.  O ar também tem outras funções que podem ser menos aparentes ao homem, mas que Deus criou com propósitos definidos como nos conscientizou o glorioso Alcorão – como o papel vitalmente importante dos ventos na polinização.  Deus disse:

“E enviamos os ventos fecundantes…” (Alcorão 15:22)

Os ventos são também evidência clara da onipotência e graça de Deus e a perfeição do projeto de Sua criação.  Ele também disse:

“Na criação dos céus e da terra; na alteração do dia e da noite ... na mudança dos ventos; nas nuvens submetidas entre os céus e a terra, (nisso tudo) há sinais para os sensatos.” (Alcorão 2:164)

“Ele é Quem envia os ventos alvissareiros, por Sua misericórdia, portadores de densas nuvens, que impulsiona até uma comarca árida e delas faz descer a água, mediante a qual produzimos toda a classe de frutos.” (Alcorão 7:57)

Uma vez que a atmosfera realiza todas essas funções biológicas e sociais, sua conservação, pura e não poluída, é um aspecto essencial da conservação da vida em sai que é um dos objetivos fundamentais da lei islâmica.  O que quer que seja indispensável para atender essa obrigação imperativa é em si obrigatório.  Consequentemente, qualquer atividade que o polua ou impeça sua função é uma tentativa de frustrar e obstruir a sabedoria de Deus em relação à Sua criação.  Da mesma forma, isso deve ser considerado uma obstrução de alguns aspectos do papel humano no desenvolvimento desse mundo.

3.      A Terra e Solo

Como o ar e a água, a terra e o solo são essenciais para a perpetuação de nossas vidas e das vidas de outras criaturas.  Deus declarou no Alcorão:

“Aplainou a terra para as (Suas) criaturas.” (Alcorão 55:10)

Dos minerais da terra são feitos os constituintes sólidos de nossos corpos e também os de todos os animais vivos e plantas.  Deus disse no Alcorão:

“Entre os Seus sinais está o de haver-vos criado do pó ; logo, sois seres que se espalham (pelo globo).” (Alcorão 30:20)

Ele também fez da terra nosso lar e o lar de todos os seres terrestres.

“E Deus vos produziu da terra, paulatinamente. Então, vos fará retornar a ela, e vos fará surgir novamente.”(Alcorão 71:17-18)

E como nosso lar, a terra tem valor como espaço aberto:

“Deus vos fez a terra como um tapete, para que a percorrêsseis por amplos caminhos.” (Alcorão 71:19-20)

Deus fez a terra como uma fonte de sustento e subsistência para nós e outras criaturas vivas. Fez o solo fértil produzir vegetação da qual nós e toda vida animal dependemos.  Fez as montanhas para capturar e armazenar a chuva e desempenhar um papel na estabilização da crosta terrestre, como Ele nos mostrou no glorioso Alcorão:

“Porventura, não destinamos a terra por abrigo, dos vivos e dos mortos? Onde fixamos firmes e elevadas montanhas, e vos demos para beber água potável?” (Alcorão 77:25-27)

“E depois disso dilatou a terra, da qual fez brotar a água e os pastos; E fixou, firmemente, as montanhas, para o proveito vosso e do vosso gado.” (Alcorão 79:30-33)

“E dilatamos a terra, em que fixamos firmes montanhas, fazendo germinar tudo, comedidamente. E nela vos proporcionamos meios de subsistência, tanto para vós como para aqueles por cujo sustento sois responsáveis.” (Alcorão 15:19-20)

“Um sinal, para eles, é a terra árida; reavivamo-la e produzimos nela o grão com que se alimentam. Nela produzimos, pomares de tamareiras e videiras…” (Alcorão 36:33-35)

Se fossemos realmente gratos ao Criador, deveríamos manter a produtividade do solo e não expô-lo à erosão pelo vento e enchente; na construção, plantio, pastoreação, silvicultura e mineração devemos seguir práticas que não contribuam para sua degradação, mas que preservem e melhorem sua fertilidade.  Porque causar a degradação dessa dádiva de Deus, da qual tantas formas de vida dependem, é negar Seus enormes favores.  E como qualquer ato que leva à sua destruição ou degradação leva necessariamente à destruição e degradação da vida na terra, tais atos são categoricamente proibidos.

Pobre Melhor

Proteção Ambiental no Islã (parte 5 de 7): A Conservação de Elementos Naturais Básicos – Plantas e Animais (1)

Classificação:
Tamanho da fonte:
A- A A+

Descrição: A visão islâmica do papel de plantas e animais no meio ambiente e conservação desse elemento vital é fundamental à preservação e continuação da vida (parte 1).

  • Por Dr. A. Bagader, Dr. A. El-Sabbagh, Dr. M. Al-Glayand e Dr. M. Samarrai (editado por IslamReligion. c
  • Publicado em 09 May 2011
  • Última modificação em 09 May 2011
  • Impresso: 194
  • 'Visualizado: 23,991
  • Classificação: nenhum ainda
  • Classificado por: 0
  • Enviado por email: 0
  • Comentado em: 0
Pobre Melhor

4.      Plantas e Animais

Não há como negar a importância de plantas e animais como recursos vivos de benefícios enormes, sem os quais nem o homem nem outras espécies poderiam sobreviver.  Deus não fez nenhuma de Suas criaturas sem valor: cada forma de vida é o produto de um desenvolvimento especial e intrincado por Deus e cada uma requer respeito especial.  Como um recurso genético vivo, cada espécie e variedade é única e insubstituível.  Uma vez perdido, está perdido para sempre.

Em virtude de sua função única de produção de alimento a partir da energia solar, as plantas constituem a fonte básica de sustento para animal e vida humana sobre a terra.  Deus disse:

“Que o homem repare, pois, em seu alimento. Em verdade, derramamos a água em abundância, depois, abrimos a terra em fendas e fazemos nascer o grão, a videira e as plantas (nutritivas), a oliveira e a tamareira e jardins frondosos e o fruto e a forragem, para o vosso uso e do vosso gado.” (Alcorão 80:24-32)

Além de sua importância como alimento, as plantas enriquecem o solo e o protegem de erosão pelo vento e água.  Conservam a água detendo seu escoamento; moderam o clima e produzem o oxigênio que respiramos.  Também são de valor imenso como medicamentos, óleos, perfumes, ceras, fibras, madeira e combustível.  Deus disse no glorioso Alcorão:

“Haveis reparado, acaso, no fogo que ateais?  Fostes vós que criastes a árvore, ou fomos Nós o Criador?  Nós fizemos disso um portento e conforto para os nômades.” (Alcorão 56:71-73)

Os animais por sua vez fornecem sustento para plantas, uns aos outros e para o homem.  Seu estrume e seus corpos enriquecem o solo e os mares.  Contribuem para a atmosfera através da respiração e através de seus movimentos e migrações contribuem para a distribuição de plantas.  Fornecem alimento uns aos outros e provêem a humanidade com couro, pelo e lã, medicamentos, perfumes, meios de transporte e também carne, leite e mel.  E por seus sentidos e percepções altamente desenvolvidos e interrelações sociais, os animais recebem consideração especial no Islã.  Porque Deus os considera sociedades vivas exatamente como a humanidade.  Deus declarou no glorioso Alcorão:

“Não existem seres alguns que andem sobre a terra, nem aves que voem, que não constituam nações semelhantes a vós.” (Alcorão 6:38)

O glorioso Alcorão menciona as funções estéticas dessas criaturas como objetos de beleza além de suas outras funções.  Uma vez que paz de espírito é uma exigência religiosa que precisa ser plenamente satisfeita, as coisas que a promovem devem ser amplamente providas e conservadas.  Deus fez plantas e animais que causam admiração e alegria na alma do homem para satisfazer sua paz de espírito, um fator que é essencial para que o homem funcione adequadamente e com pleno desempenho.

O glorioso Alcorão também menciona outras funções que essas criaturas desempenham em que o homem pode não perceber, as funções de adoração a Deus, declarando Seus louvores e se prostrando para Ele como são impelidos a fazer por sua natureza.  Deus disse:

“Não reparas, acaso, em que tudo quanto há nos céus e tudo quanto há na terra se prostra ante Deus? O sol, a lua, as estrelas, as montanhas, as árvores, os animais e muitos humanos?”    (Alcorão 22:18)

“Os setes céus, a terra, e tudo quanto neles existe glorificam-No. Nada existe que não glorifique os Seus louvores! Porém, não compreendeis as suas glorificações.” (Alcorão 17:44)

“A Deus se prostram aqueles que estão nos céus e na terra, de bom ou mau grado...”  (Alcorão 13:15)

O Islã enfatiza todas as medidas para a sobrevivência e perpetuação dessas criaturas para que possam realizar plenamente as funções atribuídas a elas.  A destruição absoluta de quaisquer espécies de animais ou plantas pelo homem não pode ser justificada e nem devem ser colhidas em um ritmo que ultrapasse sua regeneração natural.  Isso se aplica à caça e pesca, áreas florestais e cortes de madeira para construção e combustível, pastoreação e todas as outras utilizações de recursos.  É imperativo que a diversidade genética dos seres vivos seja preservada – tanto para seu próprio bem quanto para o bem da humanidade e todas as outras criaturas.

Pobre Melhor

Proteção Ambiental no Islã (parte 6 de 7): A Conservação de Elementos Naturais Básicos – Plantas e Animais (2)

Classificação:
Tamanho da fonte:
A- A A+

Descrição: A visão islâmica do papel de plantas e animais no meio ambiente e conservação desse elemento vital é fundamental à preservação e continuação da vida (parte 2).

  • Por Dr. A. Bagader, Dr. A. El-Sabbagh, Dr. M. Al-Glayand e Dr. M. Samarrai (editado por IslamReligion. c
  • Publicado em 16 May 2011
  • Última modificação em 16 May 2011
  • Impresso: 193
  • 'Visualizado: 24,903
  • Classificação: nenhum ainda
  • Classificado por: 0
  • Enviado por email: 0
  • Comentado em: 0
Pobre Melhor

Environmental_Protection_in_Islam_(part_6_of_7)_PT-BR_001.jpgO Profeta Muhammad foi enviado por Deus como:

“... uma misericórdia para todos os seres.”(Alcorão 21:107)

Ele nos mostrou através de seus comandos e ensinamentos, como zelar e cuidar dessas criaturas.  Ele disse:

“Os misericordiosos recebem misericórdia do Todo-Misericordioso. Tenha misericórdia com aqueles na terra e Aquele Que está nos céus terá misericórdia contigo.”  (Abu Dawud, Al-Tirmidhi)

Ele ordenou que a humanidade cuidasse das necessidades de qualquer animal sob seu cuidado e alertou que uma pessoa que faz com que um animal morra de fome ou sede é punida por Deus no fogo do inferno.[1]

Além disso, orientou os seres humanos a cuidarem dos animais necessitados em geral, contando sobre uma pessoa cujos pecados Deus perdoou pelo ato de dar água a um cão que morria de sede.  Então, quando as pessoas perguntaram:

“Ó Mensageiro de Deus, existe recompensa em fazer o bem a esses animais?”

Ele disse: “Existe uma recompensa em fazer o bem a toda coisa viva.” (Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim)

Caçar e pescar pelo alimento é permitido no Islã; entretanto, o Profeta amaldiçoou quem usa uma criatura viva como alvo, tirando a vida por mero esporte.[2]  Da mesma forma proibiu que se prolongasse o abate de um animal.[3]  Ele declarou:

“Deus prescreveu fazer o bem para todas as coisas: então, quando matarem, matem com bondade e quando abaterem, abatam com bondade. Que cada uma amole sua lâmina e dê conforto ao animal que está abatendo.”[4]

O Profeta Muhammad proibiu acender um fogo sobre um formigueiro e relatou que uma formiga uma vez ferroou um dos profetas, que então ordenou que toda a colônia de formigas fosse queimada. Deus revelou a ele em repreensão:

“Porque uma formiga te ferroou, destruístes uma nação inteira que celebra a glória de Deus.” (Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim)

Uma vez ordenou a um homem que tinha tirado os filhotes de um pássaro de seu ninho que os retornasse à sua mãe, que estava tentando protegê-los.[5]

Proibiu que se cortasse qualquer árvore que fornece abrigo valioso aos humanos ou animais no deserto[6] sem necessidade e razão. O objetivo dessa proibição pode ser entendido como prevenção da destruição de habitats valiosos para as criaturas de Deus.

Com base nas ordens e proibições proféticas, os estudiosos legais muçulmanos determinaram que as criaturas de Deus possuem inviolabilidade (hurmah) mesmo na guerra. O Profeta de Deus proibiu a matança de abelhas e de qualquer gado capturado, porque mata-los é uma forma de corrupção incluída no que Deus proibiu em Seu dito:

“E quando se retira, eis que a sua intenção é percorrer a terra para causar a corrupção, devastar as semeaduras e o gado, mesmo sabendo que a Deus desgosta a corrupção.” (Alcorão 2:205)

“E eles são animais que possuem inviolabilidade assim como as mulheres e as crianças.”[7]

É uma característica inconfundível da lei islâmica que todos os animais têm certos direitos legais, executáveis pelos tribunais e pelo escritório da hisbah. Os juristas muçulmanos escreveram:

“Os direitos do gado e animais com relação a seu tratamento pelo homem: São que o homem despenda com a provisão que sua espécie requer, mesmo se estiverem velhos ou doentes sem gerar benefícios; que não sejam sobrecarregados além do que podem suportar; que não sejam colocados junto com qualquer coisa que possa feri-los, de sua própria espécie ou de outra espécie, seja quebrando seus ossos, chifrando-os ou ferindo-os; que os abata com gentileza se for abatê-los e não tosquiem suas peles nem quebrem seus ossos até que seus corpos esfriem e suas vidas tenham acabado; que não abata seus filhotes na sua frente; que os separem individualmente; que deixem confortável seus locais de descanso; que coloquem os machos e fêmeas juntos durante o período de acasalamento; que não descarte os que pegou na caçada; nem atire neles com algo que quebre seus ossos nem os destrua de uma forma que torne sua carne ilícita para consumo.”[8]

O Islã cuida desses seres criados, tanto animais quanto plantas, de duas formas:

1.    Como seres vivos que glorificam a Deus e atestam Seu poder e sabedoria;

2.    Como criaturas submetidas ao serviço do homem e de outros seres criados, cumprindo papéis vitais no desenvolvimento desse mundo.

Por isso a obrigação vinculante de conservá-los e desenvolvê-los pelo seu próprio bem e por seu valor como recursos vivos únicos e insubstituíveis para benefício uns dos outros e da humanidade.



Footnotes:

[1] Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim

[2] Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim

[3] Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim

[4] Saheeh Muslim, Abu-Dawud

[5] Abu Daud

[6] Abu Daud

[7] Muwaffaq ad-Din ibn Qudamah em al-Mughni.

[8] ‘Izz ad-Din ibn ‘Abdas-Salam, em Qawa ‘id al-Ahkamfi Masalih al-Anam.  Essa passagem entra em uma discussão de huquq al-’ibad, os direitos ou reivindicações legais e morais de seres humanos e outras criaturas que recaem sobre uma pessoa legalmente responsável. Os direitos ou reivindicações legais de animais são menos abrangentes que os do homem e são sujeitos a limitações como a defesa da vida e propriedade humanas e as necessidades de seres humanos por alimento. É, entretanto, significativos que no Islã o conceito de direitos ou reivindicações legais executáveis por lei se aplique a animais e seres humanos.

Pobre Melhor

Proteção Ambiental no Islã (parte 7 de 7): Proteção do Homem e do Meio Ambiente em Relação a Danos

Classificação:
Tamanho da fonte:
A- A A+

Descrição: O Islã não é vigoroso somente em sua proteção dos elementos básicos do meio ambiente para o benefício das gerações presentes e futuras. É igualmente comprometido com a proteção de seres humanos e do meio ambiente do impacto prejudicial de fatores externos como produtos e resíduos químicos.

  • Por Dr. A. Bagader, Dr. A. El-Sabbagh, Dr. M. Al-Glayand e Dr. M. Samarrai (editado por IslamReligion. c
  • Publicado em 16 May 2011
  • Última modificação em 16 May 2011
  • Impresso: 194
  • 'Visualizado: 23,979
  • Classificação: nenhum ainda
  • Classificado por: 0
  • Enviado por email: 0
  • Comentado em: 0
Pobre Melhor

Environmental_Protection_in_Islam_(part_7_of_7)_PT-BR_001.jpgNo Islã todas as formas e tipos de danos são proibidos.  Um dos princípios fundamentais da lei islâmica é a declaração profética:

“Que não se prejudique e nem seja prejudicado.” (Al-Hakim)[1]

A prevenção de dano e corrupção antes que ocorra é melhor que o tratamento posterior.  Outra norma jurídica importante na lei islâmica declara: “Prevenir o dano tem precedência sobre a aquisição de benefícios.”  Portanto, todas as atividades que têm como objetivo realizar o bem e assegurar benefícios para satisfazer as necessidades humanas provendo serviços e desenvolvendo a agricultura, indústria e meios de comunicação devem ser executados sem causar dano, injúria ou corrupção significativos.  É, consequentemente, imperativo que sejam adotadas precauções no processo de consideração, planejamento e implementação dessas atividades de modo que, tanto quanto possível, não venham acompanhadas ou resultem em qualquer forma de dano ou corrupção.

1.      Resíduos, Despejos, Materiais de Limpeza e Outras Substâncias Tóxicas e Prejudiciais

Resíduos e despejos resultantes de atividades humanas comuns ou industriais e dos usos da tecnologia moderna e avançada, devem ser descartados ou eliminados cuidadosamente para proteger o meio ambiente de corrupção e distorção.  Também é vital proteger o homem dos efeitos de seu impacto prejudicial no meio ambiente, em sua beleza e vitalidade, e assegurar a proteção de outros parâmetros ambientais.  O acúmulo de resíduo é basicamente resultado de nosso desperdício.  A proibição do Islã em relação a desperdício, entretanto, exige o reuso de bens e a reciclagem de materiais e refugos na medida do possível, ao invés de serem descartados como lixo.

O Profeta proibiu que uma pessoa fizesse suas necessidades físicas em uma fonte de água, um caminho, em um local de sombra ou na toca de uma criatura viva.[2]  Os valores por trás dessas proibições devem ser entendidos como aplicáveis à poluição de recursos críticos e habitats em geral.  Refugos, despejos e poluentes semelhantes devem ser tratados em suas fontes com os melhores meios exequíveis de tratamento, com cuidado em seu descarte para evitar efeitos colaterais adversos que levem a dano ou injúria semelhante ou maior.  O princípio jurídico nessa conexão é: “O dano não deve ser eliminado através de meios que causem dano semelhante ou maior.”

Isso também é verdadeiro em relação aos efeitos prejudiciais de agentes de limpeza e outros materiais tóxicos ou nocivos usados em residências, fábricas, fazendas e outros ambientes públicos ou privados.  É absolutamente necessário adotar todas as medidas possíveis para evitar e prevenir seus efeitos prejudiciais antes que ocorram e para eliminar ou remover esses efeitos se ocorrerem, para proteger o homem e seu ambiente natural e social.  De fato, se os danos resultantes desses materiais se provarem maiores que seus benefícios, eles devem ser proibidos.  Nesse caso devemos procurar por alternativas efetivas e inofensivas ou, no mínimo, menos prejudiciais.

2.      Pesticidas

Esses mesmos princípios se aplicam igualmente a todos os pesticidas, inclusive inseticidas e herbicidas.  O uso desses materiais não deve levar a qualquer prejuízo ou dano aos seres humanos ou ao meio ambiente no presente ou no futuro.  Consequentemente, é exigido o controle e a proibição do que quer que leve a dano ou prejuízo às pessoas ou ecossistemas, mesmo que esse controle ou proibição possa afetar interesses pessoais de alguns indivíduos.  Isso está em conformidade com o princípio: “Uma injúria privada é aceita para evitar uma injúria geral ao público.”  Todos os meios lícitos e legítimos devem ser usados para evitar e prevenir dano ou prejuízo, desde que esses meios não levem ou causem dano semelhante ou maior.  A norma jurídica nessa conexão é: “Deve ser escolhido o menor de dois males.”  Se o uso desses pesticidas for inevitável, então: “A necessidade premente torna permissível as coisas proibidas.”  Entretanto, “toda necessidade deve ser avaliada de acordo com seu valor” e “o que é permitido por conta de uma justificativa deixa de ser permissível com a cessação daquela justificativa.”

São exigidos os meios mais seletivos e menos destrutivos de controle de pragas por conta desses valores e princípios do Islã.  Medidas preventivas, controles biológicos, repelentes não tóxicos, substâncias biodegradáveis e pesticidas de espectro de ação estreito devem ser favorecidos sempre que possível em relação a alternativas mais destrutivas.  Além disso, sua aplicação deve ser cuidadosamente calculada para proteger a vida humana, colheitas e gado com eficiência e eficácia máximas e com atenção para o mínimo impacto geral sobre a criação de Deus.

3.      Substâncias Radioativas

Os princípios mencionados acima se aplicam a substâncias radioativas que não são extremamente tóxicos, mas também se mantém dessa forma por períodos extremamente longos de tempo.  Devemos prevenir e evitar efeitos prejudiciais de seu uso sobre pessoas e ecossistemas.  Também é imperativo que descartemos de forma satisfatória os resíduos radioativos.  São exigidas precauções especiais para prevenir o descarte de refugos nucleares, seja devido à negligência ou mau funcionamento, e evitar todos os efeitos prejudiciais de testes de explosivos nucleares.

4.      Ruído

Uma vez que indústrias e a comunicação e transporte de massa tendem a ser acompanhados e associados com ruído, é necessário procurar todos as formas e meios possíveis de evitar e minimizar esse ruído.  O ruído tem um impacto prejudicial sobre o homem e os elementos vivos do meio ambiente – daí a necessidade de reduzir e prevenir esse prejuízo tanto quanto possível e através de todos os meios, de acordo com as normas e injunções da lei islâmica.

5.      Intoxicantes e Outras Drogas

Também é claro que intoxicantes e narcóticos têm um efeito prejudicial sobre a saúde física e mental de seres humanos e, como consequência, sobre sua vida e razão, descendência, trabalho, propriedades, honra e virtude.  Foi provado, sem dúvida, que intoxicantes e outras drogas causam desordens físicas, sociais e psicológicas consideráveis.  Consequentemente, todos os tipos de intoxicantes e drogas que afetam a mente foram proibidas no Islã.  Sua produção e comercialização são proibidas e também de qualquer coisa que esteja associada a elas ou ajude na sua produção.  Isso mostra a preocupação da legislação islâmica por quatorze séculos com a proteção da vida humana e a conservação do ambiente social e físico contra todas as formas de corrupção, prejuízo, dano e poluição.

6.      Catástrofes Naturais

Todas as precauções necessárias devem ser adotadas para minimizar os efeitos de catástrofes que atingem o homem e o meio ambiente, como enchentes, terremotos, erupções vulcânicas, tempestades, conflagrações naturais, desertificação, infestações e epidemias.  Deve-se reconhecer que desastres naturais algumas vezes são causados, pelo menos em parte, por atos do homem e que as consequências de sua ocorrência pela perda de vidas e propriedades são, em muitos casos, agravadas por assentamento, construção e práticas de uso da terra inapropriados.  Portanto, seu impacto pode ser amplamente mitigado pelo planejamento preventivo, baseado no entendimento de processos naturais.  Práticas de uso da terra e atividades inadequadas não devem ser permitidas em áreas inerentemente, ou potencialmente, perigosas para a vida e saúde humanas ou em áreas vulneráveis a rompimento de processos naturais.

A proteção da vida, propriedade e interesses humanos é essencial e necessária e “o que quer que seja indispensável para cumprir uma obrigação imperativa é, em si, obrigatório.”  A lei islâmica mantém que “o dano deve ser eliminado” e “o dano deve ser removido na medida do possível.”  Entretanto, as medidas de proteção adotadas não devem levar a outros efeitos adversos em conformidade com o princípio: “O dano não deve ser eliminado através de dano semelhante.”



Footnotes:

[1] Esse e os princípios legais subsequentes são bem conhecidos e a menos que sejam referenciados de outra forma, são encontrados nos livros de al-Ashbah wa ‘n-Naza ‘ir de Jalal ad-Din as-Suyuti e Zayn al-Abidin ibn Nujaym, e no Majalat al- Ahkam al-’Adliyah.

[2] Abu Dawud

Pobre Melhor

Partes deste Artigo

Adicione um comentário

  • (Não é mostrado ao público)

  • Seu comentário será analisado e publicado dentro de 24 horas.

    Campos marcados com um asterisco (*) são obrigatórios.

Mais visualizados

Diariamente
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
Total
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)

Favorito del editor

(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)

Listar conteúdo

Desde sua última visita
Esta lista no momento está vazia.
Todos por data
(Leia mais...)
(Leia mais...)

Mais populares

Melhores classificados
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
Mais enviados por email
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
Mais impressos
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
Mais comentados
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)

Seus Favoritos

Sua lista de favoritos está vazia. Você pode adicionar artigos a esta lista usando as ferramentas do artigo.

Sua História

Sua história está vazia.

Minimize chat