Minha Misericórdia Prevalece Sobre Minha Ira (parte 1 de 2)
Descrição: Como a Misericórdia se manifesta em Deus e exemplos da misericórdia do Profeta e seus Companheiros.
- Por Hala Salah (Reading Islam)
- Publicado em 25 Jan 2010
- Última modificação em 20 Nov 2011
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“A disposição para perdoar e não para punir” é uma definição usada com frequência para a palavra misericórdia, mas o que é misericórdia no Islã?
Com o Islã a misericórdia recebeu um significado mais profundo que criou um aspecto vital na vida de todo muçulmano, e que Deus o recompensa por demonstrá-lo.
A misericórdia de Deus, que é concedida a todas as Suas criaturas, é vista em tudo que colocamos os olhos: no sol que provê luz e calor e no ar e água que são essenciais para todos os seres vivos.
Um capítulo inteiro no Alcorão recebeu o nome do atributo divino de Deus Ar-Rahman ou “O Mais Gracioso.” Além disso, dois atributos de Deus são derivados da palavra para misericórdia. São eles Ar-Rahman e Ar-Rahim, que significam “O Mais Gracioso” e “O Mais Misericordioso”. Esses dois atributos são mencionados na frase recitada no início de 113 capítulos do Alcorão: “Em nome de Deus, o Mais Gracioso, o Mais Misericordioso.” Essa frase é uma lembrança contínua para o leitor da misericórdia infinita e grande generosidade de Deus.
Deus nos assegura que quem quer que cometa um pecado será perdoado se se arrepender e interromper esse ato, onde Ele diz:
“Vosso Senhor impôs a Si mesmo a clemência, a fim de que aqueles dentre vós que, por ignorância, cometerem uma falta e logo se arrependerem e se encaminharem, venham a saber que Ele é Indulgente, Misericordiosíssimo.” (Alcorão 6:54)
Esse versículo é afirmado pela narração do Profeta Muhammad, no qual ele disse que Deus disse:
“Minha misericórdia prevalece sobre Minha ira.”
A recompensa para gentileza e compaixão também foram asseguradas pelo Profeta Muhammad:
“Os misericordiosos recebem misericórdia do Todo-Misericordioso. Tenha misericórdia com aqueles na terra e Aquele Que está nos céus terá misericórdia contigo.” (As-Suyuti)
Misericórdia de Profeta
Com relação à misericórdia do Profeta Muhammad, é melhor mencionar primeiro o que o próprio Deus disse a respeito dele:
“Não te enviamos senão como uma misericórdia para os mundos.” (Alcorão 21:107)
… que assegura que o Islã é fundado na misericórdia, e que Deus enviou o Profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, como misericórdia para todas as criaturas, sem exceção.
Deus também diz no Alcorão:
“Chegou-vos um Mensageiro de vossa raça, que se apieda do vosso infortúnio, anseia por proteger-vos, e é compassivo e misericordioso para com os crentes.” (Alcorão 9:128)
Esses versículos foram claramente manifestados nos modos e tratamentos do Profeta, porque ele suportou muitas dificuldades para transmitir a mensagem de Deus. O Profeta também era muito gentil na orientação de seu povo e toda vez que o prejudicavam ele sempre pedia a Deus que os perdoasse por sua ignorância e crueldade.
Os Companheiros do Profeta
Ao descrever os Companheiros, Deus diz no Alcorão:
“Muhammad é o Mensageiro de Deus, e aqueles que estão com ele são severos para com os descrentes, porém compassivos entre si.” (Alcorão 48:29).
Algumas pessoas podem pensar que é óbvio que Muhammad tivesse moral porque é um profeta, mas os Companheiros eram pessoas comuns que devotaram suas vidas à obediência a Deus e Seu Profeta. Por exemplo, Abu Bakr As-Siddiq dedicou toda sua fortuna para comprar escravos de seus amos brutais e depois os libertava em nome de Deus.
Uma vez, ao esclarecer o conceito correto de misericórdia para seus Companheiros, o Profeta disse que não é apenas demonstrar gentileza com a família e amigos, mas ter misericórdia e compaixão com as pessoas em geral, conhecendo-as ou não.
Uma “Pequena” Misericórdia
Algumas das tradições impiedosas preislâmicas era oferecer o filho como sacrifício para divindades e enterrar as filhas vivas. Esses atos contra crianças foram estritamente proibidos pelo Alcorão e a Sunnah profética muitas vezes.
Em relação à misericórdia do Profeta com as crianças, uma vez ele estava liderando a oração e seus netos, Hasan e Husain, ainda eram pequenos brincando e subindo em suas costas. Por medo de feri-los ao levantar-se, o Profeta prolongava sua prostração.Outra vez, o Profeta realizou sua oração enquanto carregava Umamah, sua neta.
Esse carinho do Profeta não era concedido apenas às suas crianças, mas também se estendia às crianças que brincavam na rua. Assim que viam o Profeta elas corriam para ele, e ele as recebia com um sorriso amoroso e braços abertos.
Mesmo durante a oração a gentileza inata do Profeta era clara, como ele disse uma vez:
“Começo a oração pretendendo prolongá-la, mas ao ouvir o choro de uma criança eu a encurto porque sei que o choro da criança incitará os sentimentos da mãe.” (Saheeh Al-Bukhari)
Em muitas situações o Profeta nos ensinou como as crianças devem crescer em uma atmosfera de amor e carinho e que não devem ser espancadas ou esbofeteadas, para evitar sua humilhação. Quando um homem uma vez viu o Profeta beijando seu neto ficou atônito com a brandura do Profeta e disse: “Tenho dez filhos, mas nunca beijei nenhum deles.” O Profeta respondeu:
“Aquele que não tem misericórdia não receberá misericórdia.” (Saheeh Al-Bukhari)
Um Afago na Cabeça
Quando Deus mencionou os órfãos no Alcorão Ele disse:
“Consequentemente, não tratem os órfãos com rispidez.” (Alcorão 93:9)
Os modos do Profeta em relação aos órfãos estavam de acordo com esse versículo, porque ele disse:
“Eu e a pessoa que cuida de um órfão e o prove, seremos assim no Paraíso,” colocando os dedos indicador e médio juntos. (Abu Dawud)
Para fazer com que um órfão se sinta apreciado e que se perdeu a afeição de seus pais ainda existem pessoas dispostas a amá-lo e cuidar dele, o Profeta encorajava a gentileza dizendo que uma pessoa é recompensada pelas boas ações por cada cabelo afagado na cabeça de um órfão.
A proteção da propriedade do órfão foi claramente confirmada por Deus e Seu Profeta. Por exemplo, Deus diz:
“Aqueles que injustamente devoram a propriedade dos órfãos, devoram um fogo em seus corpos: em breve estarão em um fogo ardente!” (Alcorão 4:10)
Um dito profético também nos informa que um dos sete pecados mais graves é consumir a propriedade do órfão.