Perdão versus retaliação (parte 2 de 2): Superar a raiva e perdoar

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Descrição: Por que o perdão pode ser melhor que a retaliação.

  • Por Aisha Stacey (© 2017 IslamReligion.com)
  • Publicado em 30 Jan 2017
  • Última modificação em 30 Jan 2017
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ForgivenessVs.Retaliation2.jpgComo explicado na parte 1, Deus entende a natureza intrincada da humanidade.  Algumas pessoas não ficarão satisfeitas sem algum tipo de vingança ou retaliação contra aqueles que lhes fizeram uma injustiça, com todo o direito.  Entretanto, a religião do Islã nos fala de várias coisas que devem ser tidas em mente antes de retaliar.

A primeira e possivelmente mais importante razão para perdoar ao invés de retaliar é que o Alcorão e as tradições do profeta Muhammad nos encorajam a fazê-lo.  O perdão significa abrir mão do direito de retaliação pelo erro que alguém cometeu contra você.  Deus oferece recompensas inumeráveis para aqueles que perdoam.  É algo que se conta entre a boa moral e características nobres que todos os crentes devem almejar.  Até na agonia do desespero essas recompensas são extremamente valiosas e se for possível exercer a paciência e pensar antes de retaliar, pode-se constatar que, de fato, perdoar é melhor. 

"...que reprimem a cólera; que indultam o próximo. Sabei que Deus aprecia os benfeitores. " (Alcorão 3:134)

O Profeta Muhammad disse: "No Dia do Juízo um conclamador dirá: "Quem dentre vós está entre as pessoas gentis?" Algumas pessoas se levantarão.  "E então lhes é dito: "Entrem no paraíso."  Os anjos os encontram e perguntam: "Para onde?" Respondem: "Para o paraíso".  Os anjos dizem: "Antes de serem julgados?" Respondem: "Sim."  Os anjos perguntam: "Quem são vocês?" Respondem: "Somos as pessoas gentis".  Os anjos perguntam: "E qual foi sua gentileza?" Respondem: "Costumávamos ser tolerantes quando oprimidos, pacientes quando agredidos e perdoávamos quando ofendidos."  Os anjos então dizem: "Entrem no paraíso. Que excelente recompensa para os bons e virtuosos que têm boas obras.""[1]

Deus nos exorta várias vezes a pensarmos, sermos pacientes, superarmos nossa raiva e perdoarmos.  Um dos companheiros do profeta Muhammad disse uma vez que em qualquer disputa referente à retaliação, ele nunca viu o profeta ordenar nada, exceto remissão.  Quando alguém é injusto conosco ou comete o mal contra nós, somos encorajados a responder com atos bons e gentis, para que o ódio entre nós evapore.

"Jamais poderão equiparar-se a bondade e a maldade! Retribui (ó Muhammad) o mal da melhor forma possível, e eis que aquele que nutria inimizade por ti converter-se-á em íntimo amigo!" (Alcorão 41:34)

"Quando castigardes, fazei-o do mesmo modo como fostes castigados; porém, se fordes pacientes será preferível para os que forem pacientes." (Alcorão 16:126)

O Islã permite a retaliação como uma ferramenta para alcançar a justiça, acalmar a raiva, aliviar o sofrimento emocional, prevenir a opressão do criminoso e colocar um fim à força excessiva.  Ao mesmo tempo, encoraja que a pessoa prejudicada perdoe quem lhe prejudicou.   Entretanto, tendo dito isso, ao tentar decidir entre a retaliação permissível e o perdão, vale lembrar que o próprio Deus é o Mais Justo. 

"E instalaremos as balanças da justiça para o Dia da Ressurreição. Nenhuma alma será defraudada no mínimo que seja; mesmo se for do peso de um grão de mostarda, tê-lo-emos em conta. Bastamos Nós por cômputo." (Alcorão 21:47)

Outra boa razão para pensar sobre o perdão antes da retaliação ou raiva, é que existe uma conexão direta entre a forma como tratamos os outros e a forma como Deus nos trata.   O profeta Muhammad usava essa parábola para ilustrar isso.   "Havia um mercador que costumava estender o crédito para as pessoas.  Se constatasse que um de seus clientes estava em dificuldades, dizia aos assistentes: "Perdoem os débitos deles, talvez Deus venha a nos perdoar." Deus o perdoou."[2]

Deus descreve os crentes como:

"...São aqueles que se abstêm dos pecados graves e das obscenidades e que, embora zangados, sabem perdoar." (Alcorão 42:37)

A incapacidade de perdoar pode nos afetar emocional, espiritual e até fisica, de maneira profunda.  Causa estresse e má saúde.  Quando você perdoa alguém, não apenas abre mão de seu direito à retaliação, mas também abre mão de sentimentos de revanche e ressentimento.  Pesquisa recente especificamente sobre os benefícios do perdão à saúde mostra que as pessoas capazes de fazer essa mudança mental entre retaliação e perdão podem se beneficiar de formas que não previram[3].  Um estudo até alega que as pessoas que as pessoas que perdoam vivem mais.[4]

Perdoar e esquecer é um dito ouvido com frequência e embora esquecer possa parecer impossível para alguns erros que são cometidos contra nós, perdoar equivale a confiar somente em Deus.  Deus retirará o fardo de nossas mentes e corações.  Não perdoar geralmente se baseia em uma tentativa inconsciente de nos manter a salvo e em controle de nossa própria esfera de influência.  Um crente sabe, entretanto, que isso é apenas uma ilusão de segurança e controle.  É Deus Quem nos mantêm a salvo e é Ele que tem o poder para controlar todos os eventos, desde a queda de uma folha de uma árvore até a hora de nossa morte.

"Ele possui as chaves do incognoscível, coisa que ninguém, além d’Ele, possui;  Ele sabe o que há na terra e no mar;  E não cai uma folha (da árvore) sem que Ele disso tenha ciência;" (Alcorão 6:59)

Talvez um dos exemplos mais admiráveis de perdão, no lugar da retaliação, tenha acontecido quando o profeta Muhammad conquistou a cidade de Meca.  Ele e seus seguidores deixaram a cidade depois de serem abusados, torturados, expulsos de suas casas, passarem fome, serem humilhados, assassinados e mutilados.  Quando entrou em Meca humildemente, em um jumento, o profeta Muhammad tinha o poder de exercer qualquer revanche que quisesse.  Podia ter retaliado da maneira que achasse adequada e, ainda assim, escolheu o perdão.  Disse ao povo de Meca as mesmas palavras que o profeta José disse aos irmãos. 

"Hoje não sereis recriminados! Eis que Deus vos perdoará, porque é o mais clemente dos misericordiosos." (Alcorão 12:92)



Notas de rodapé:

[1]Al-Baihaqi

[2]Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim

[3] http://www.psychologytoday.com/blog/fulfillment-any-age/201301/live-longer-practicing-forgiveness

[4] Toussaint, L.  L., Owen, A.  D., & Cheadle, A.  (2012).  Forgive to live: Forgiveness, health, and longevity.  Journal Of Behavioral Medicine, 35(4), 375-386.  doi:10.1007/s10865-011-9362-4

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