Imprecisão bíblica e João 3:16 (parte 3 de 5)

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Descrição: Uma análise do famoso versículo bíblico "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu único filho, para que aquele que nele crê não pereça mas tenha vida eterna.”  Parte 3: Mais razões para duvidar da confiabilidade da Bíblia.

  • Por Laurence B. Brown, MD
  • Publicado em 29 May 2017
  • Última modificação em 29 May 2017
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BiblicalInaccuracy3.jpgO que se segue é um resumo do que cobrimos até agora nessa série de artigos:

1)   Episódio 1: O evangelho conhecido como "João" quase que certamente não foi escrito pelo discípulo João;

2)   Episódio 2: Os tradutores da Bíblia ilegitimamente usaram maiúsculas em "ele" em João 3:16 ("Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu único filho, para que aquele que nele crê não pereça mas tenha vida eterna"), para fazer Jesus parecer Deus;

3)   Também no Episódio 2: A Bíblia não atende aos requisitos básicos de confiabilidade e, portanto, não satisfaz os padrões de escritura sagrada.

O último item nessa lista - número três - é crítico.  Para dar credibilidade às alegações de João 3:16, a própria Bíblia tem que atender a análise crítica.  É essa análise que continuo aqui.  O artigo anterior foi mais escolástico. O que vem a seguir é mais bom senso.

Comecemos com o óbvio.  Se a Bíblia é a palavra de Deus, então o que devemos fazer com os versículos que nos dizem que não são a palavra de Deus? Paradoxicamente, é precisamente isso que encontramos em 1 Coríntios 7:12: "Mas aos outros digo eu, não o Senhor:..." - indicando que o que se segue era do autor (nesse caso, Paulo) e não de Deus.  Então, essa seção da Bíblia, pela própria admissão de Paulo, não é a palavra de Deus.  1 Coríntios 1:16 aponta que Paulo não conseguia lembrar se batizou alguém mais além de Crispo, Gaio e a casa de Estéfano. "Além disso, não sei se batizei alguém mais." Agora, isso parece Deus falando? Deus diria: "Paulo batizou Crispo, Gaio e a casa de Estéfano e pode ter havido outros.  Mas foi há muito tempo e, bem, você sabe, muita coisa aconteceu desde então.  Está tudo meio confuso para Mim agora"?

1 Coríntios 7:25–26 registra Paulo como tendo escrito: "Quanto às pessoas virgens, não tenho mandamento do Senhor, mas dou meu parecer como alguém que, pela misericórdia de Deus, é digno de confiança.  Por causa dos problemas atuais, penso que é melhor o homem permanecer como está." (itálico meu).  2 Coríntios 11:17 lê: "O que digo, não o digo segundo o Senhor, mas como por loucura..." De novo, alguém acredita que Deus fala assim? Paulo admitiu que respondeu sem orientação de Deus e sem autoridade divina e que ele pessoalmente acreditava em si mesmo como confiável do ponto de vista divino em um caso, mas falando como louco em outro.  Paulo justificou sua presunção de autoridade com as palavras "segundo o meu parecer, e também eu cuido que tenho o Espírito de Deus" (1 Coríntios 7:40).  O problema é que muitas pessoas têm reivindicado o "Espírito de Deus", enquanto o tempo todo fazem coisas muito estranhas e desprovidas de Deus.  Então, a confiança de Paulo deve ser admirada ou condenada? Entretanto, respondemos a essa pergunta que o ponto é que, enquanto a confiança humana oscila às vezes, não é o caso do Criador onisciente e todo‑poderoso.  Deus jamais diria: "Eu suponho..." como Paulo.

Em essência, a Bíblia é sua própria pior crítica.

Se olharmos para a Bíblia como revelação, inclusive contando a história de Jesus Cristo, temos que nos perguntar por que ela é tão inconsistente.  Por exemplo, quando celebridades morrem, suas palavras finais frequentemente são imortalizadas.  Ainda assim, a Bíblia nos dá dois relatos diferentes das últimas palavras de Jesus - Lucas 23:46 afirma: "E, clamando Jesus com grande voz, disse: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito." E, havendo dito isto, expirou." Mas João 19:30 diz algo completamente diferente: "E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: "Está consumado." E, inclinando a cabeça, entregou o espírito."

Essa é uma contradição clara e inegável.

O ensino mais famoso e respeitado de Jesus provalvemente é o Pai Nosso, que Mateus 6:9–13 registra como: "Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;  Venha o teu reino,  seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;  Dê-nos nosso pão de cada dia.  E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores;  E não nos conduzas à tentação; mas livra-nos do mal.  "Porque teu é o reino, o poder e a glória para sempre.  Amém." Mas Lucas 11:2–5 registra a mesma oração com algumas diferenças muito cruciais: "Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;  Venha o teu reino,  Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;  Dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano;  E perdoe nossos pecados, como perdoamos todos que nos estão em dívida.  E não nos conduzas à tentação; mas livra-nos do mal."

Hmm.  A oração mais famosa de Jesus Cristo e os dois livros do Evangelho discordam.  A discrepância é tão grande que The Jesus Seminar, um órgão de estudiosos bíblicos proeminentes, anunciou que a única palavra do Pai Nosso que pode ser diretamente atribuída a Jesus é "Pai" (Newsweek. 31 de Outubro, 1988. p. 80).  Essa conclusão é surpreendente, porque não só abala uma das árvores mais aceitas na floresta da fé cristã, mas questiona a legitimidade da árvore em si.

Com relação à lei, o rabino Jesus ensinou a lei do Velho Testamento.  Além disso, ensinou a lei que duraria (até que o céu e a terra terminem): "Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas:  não vim abrogar, mas cumprir.  Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota [grego Iota - a nona letra do alfabeto grego] ou um til jamais passará da lei, sem que tudo seja cumprido" (Mateus 5:17–18).  Acrescente a isso: "Se quiserem entrar na vida, mantenham os mandamentos" (Mateus 19:17).  Então isso é o que Jesus ensinou.  Agora, o que Paulo ensinou? Resposta: justificação pela fé - o conceito vão de que a crença em Jesus cancela os pecados de uma pessoa.  Paulo não mudou apenas um jota ou um til.  Não, ele cancelou a lei inteira: "E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados, por ele [Jesus Cristo] é justificado todo aquele que crê" (Atos 13:39).  Seria difícil de conceber uma afirmação categórica mais permissiva.  Podemos facilmente imaginar a voz do grito público coletivo: "Por favor, queremosmais disto!" E aqui está: "Mas agora temos sido libertados da lei, tendo morrido [ou seja, sofrido] para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra" (Romanos 7:6).  Ou, se puder parafrasear livremente: "Mas agora digo a vocês para esquecerem a lei antiga, as inconveniências com as quais vivemos por tanto tempo, e vivermos a religião de nossos desejos, ao invés de pelos mandatos antigos e desconfortáveis da revelação." De acordo com Paulo, a lei de Deus era boa o suficiente para Moisés e Jesus, mas não para o resto da humanidade.

Aperte o botão "pular".  Em lugar nenhum na Bíblia Jesus ensinou a Trindade.  De fato, ele ensinou o tawhid (unidade divina).  Leia Marcos 12:30, Mateus 22:37 e Lucas 10:27: "O primeiro de todos os mandamentos é, Ouça, Ó Israel; o Senhor nosso Deus é o único Senhor." Mas rapidamente os teólogos paulinos adotaram a Trindade.

Então, os ensinamentos mais importantes de Jesus - suas últimas palavras, sua oração, a unicidade de Deus e a lei de nosso Criador para a humanidade - estão todos cancelados na Bíblia por Paulo, ou por teólogos paulinos que seguiram o caminho dele.  Quais dos ensinamentos de Jesus, precisamente, não foram contrariados na Bíblia?

A falta de confiabilidade é um problema tão comum, que a audiência não doutrinada não sabe no que acreditar: II Samuel 24:1 diz: "E a ira do SENHOR se tornou a acender contra Israel; e incitou a Davi contra eles, dizendo: "Vai, numera a Israel e a Judá."" Entretanto, I Crônicas 21:1 afirma: "Então Satanás se levantou contra Israel, e incitou Davi a numerar a Israel." Bem, o que era? O Senhor ou Satanás? Ambos os versículos descrevem o mesmo evento na história, mas um fala de Deus e o outro de Satanás.  Existe uma ligeira (total) diferença.  Se um livro de "escritura" não consegue diferenciar entre Deus e Satanás, a única coisa que sabemos com certeza é que não é uma revelação pura, inalterada.

Existem tantas contradições no Novo Testamento que autores têm devotado livros a esse assunto.  Por exemplo, Mateus 2:14 e Lucas 2:39 diferem sobre se a família de Jesus fugiu para o Egito ou para Nazaré (na Palestina).  Mateus 6:9-13 e Lucas 11:2-4 diferem sobre as palavras do Pai Nosso. Mateus 11:13-14, 17:11-13 e João 1:21 discordam sobre se João Batista era Elias.

As coisas pioram quando entramos na arena da alegada crucificação: Quem carregou a cruz - Simão (Lucas 23:26, Mateus 27:32, Marcos 15:21) ou Jesus (João 19:17)? Jesus estava vestindo um robe escarlate (Mateus 27:28) ou púrpura (João 19:2)? Os soldados romanos colocaram fel (Mateus 27:34) ou mirra (Marcos 15:23) em seu vinho? Jesus foi crucificado antes da terceira hora (Marcos 15:25) ou depois da sexta hora (João 19:14-15)? Jesus ascendeu no primeiro dia (Lucas 23:43) ou não (João 20:17)?

Essas são apenas algumas de uma longa lista de inconsistências bíblicas, mas elas sublinham a dificuldade em confiar no Novo Testamento como escritura.  E se não podemos confiar na Bíblia como um todo, como podemos confiar em qualquer parte dela em particular como...  João 3:16, na qual os cristãos baseiam sua salvação?

Sobre o autor:

Laurence B. Brown, MD, é autor de vários artigos e livros e seu website ofiicial é www.leveltruth.com onde também pode ser contatado na página "Contato".

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