Introdução à Ciência Islâmica

Classificação:
Tamanho da fonte:
A- A A+

Descrição: Uma visão geral da contribuição dos muçulmanos para o avanço da ciência na Idade das Trevas.

  • Por Camilla Sayf
  • Publicado em 04 Jan 2009
  • Última modificação em 21 Apr 2019
  • Impresso: 558
  • 'Visualizado: 20,587 (média diária: 4)
  • Classificação: 1.9 de 5
  • Classificado por: 57
  • Enviado por email: 2
  • Comentado em: 0
Pobre Melhor

Introduction_to_Muslim_Science_001.jpgPoucos séculos antes de Jesus existiu a notável civilização grega, trazendo para o mundo mentes eruditas como Aristóteles, Euclides, Sócrates, Galeno e Ptolomeu. Suas contribuições para a filosofia, matemática, geografia, astronomia e medicina se tornaram a pedra fundamental da ciência moderna.

Então os romanos perderam o controle e subseqüentemente o Cristianismo surgiu, trazendo o calendário, como o conhecemos – A.C. e D.C. Os romanos sucumbiram à invasão das tribos bárbaras (anglo-saxões, francos, vândalos), os ancestrais da Europa de hoje. Devastado, o império caiu. Seguindo o seu colapso, aproximadamente a partir do século 5, começou o período conhecido como Idade das Trevas. Ele durou até o século 15 quando Colombo descobriu a América marcando o surgimento da Renascença, também conhecida como Renascimento.

Muito tem sido escrito sobre o período da Antigüidade, louvando as realizações científicas e culturais greco-romanas. As bibliotecas estão cheias de escritos sobre a Renascença, louvando o brilhantismo daquela época. Mas não existe quase nada sobre os dez séculos intermediários. A história européia registra principalmente as dinastias governantes, religião, sistema feudal, dando pouca atenção ao desenvolvimento da ciência naquele tempo. A imagem de que a Europa foi do esplendor da Grécia direto para as trevas e então repentinamente de volta à iluminação tem dominado a escolástica ao longo dos anos.  Desprovida de qualquer lógica, essa afirmação provoca dúvidas razoáveis sobre o elo perdido de dez séculos.  

Para explicar esse misticismo, pode-se querer olhar mais de perto a história de outras partes do mundo e especialmente de civilizações que estavam em proximidade geográfica ao continente europeu. É absolutamente surpreendente que o período da idade das trevas no norte da Europa coincida, e exatamente, com o apogeu da civilização islâmica no Oriente e sul da Europa. A civilização islâmica passou efetivamente a existir em 622 D.C quando o Profeta Muhammad e seus companheiros fugiram da Meca hostil para Medina (Yathrib), onde eles encontraram refúgio e estabeleceram o primeiro estado islâmico.

Por volta do ano 750 D.C o Islã se propagou e cobriu terras e países da Espanha às fronteiras da China. Junto com o Islã veio um espírito novo de aprendizado resultante de descobertas científicas, e invenções tecnológicas. A importância do aprendizado tem sido reconhecida pelos muçulmanos como meio de compartilhar criatividade entre nações e, portanto, como contribuição para sua comunicação efetiva. O Profeta Muhammad incentivou seus seguidores a buscar conhecimento reconhecendo as realizações dos chineses, indianos, africanos, etc. Grandes pensadores como Al-Biruni, Al-Khwarizmi, Al-Idrissi, Al-Khindi, Ibn Sina, Al-Razi, Ibn Khaldun, Al-Khazin, Ibn al-Haytham, Al-Farabi, Al-Ghazali, al-Jazari e centenas de outros, eram de origens variadas.

Não-muçulmanos como Ishaq Ibn Hunayn e Hunayn Ibn Ishaq – cientistas cristãos nestorianos da corte Abássida, ou o astrônomo Thabit Ibn Qurrah – um sabeu, ou Hasadai Ibn Shaprut e Ibn Maimon – judeus da Espanha muçulmana e muitos mais prosperaram e tinham posições respeitáveis e de influência nas sociedades muçulmanas. A civilização islâmica se tornou o primeiro e maior exemplo multiétnico de humanidade. Com igual dedicação, árabes, turcos, persas, berberes e curdos buscavam soluções para numerosos problemas sociais na ciência, medicina, engenharia, agricultura, etc. Seus esforços resultaram em uma arquitetura espetacular, arte criativa, bibliotecas, hospitais, universidades, descobertas geográficas como o mapeamento do mundo, observatórios e fundamentos da astronomia e muito mais - tudo foi como George Sarton disse:

“O milagre da ciência árabe, usando a palavra milagre como um símbolo de nossa inabilidade para explicar realizações que eram quase incríveis...não teve paralelo na história do mundo.” George Sarton

Devido à política da época, os cientistas que se seguiram deixaram de reconhecer o momento crucial e a enorme contribuição da civilização islâmica para o desenvolvimento da ciência moderna e da tecnologia. Eles advogaram a presunção de que a Europa deve os seus avanços à antiga Grécia. Entretanto, existem fatos inegáveis de que durante a reconquista espanhola das colônias muçulmanas, Toledo em 1085 em particular, grandes quantidades de trabalhos islâmicos foram encontrados e traduzidos. Além disso, os dois séculos das Cruzadas não foram apenas repletos de guerra e derramamento de sangue, mas também forneceram interação cultural. Por tudo isso, fica difícil acreditar que a idade das trevas foi realmente tão negra como retratada.

Sem os grandes empréstimos da civilização islâmica, nós estaríamos sem os numerais arábicos que usamos diariamente para nossos cálculos e matemática, haveria uma deficiência em agricultura, domesticação de animais para alimento, vestimenta e transporte; fiação e tecelagem; construção; drenagem e irrigação; rodas de água e moinhos de vento; metalurgia, ferramentas e armamentos básicos; navios; observação astronômica; relógios, papel, escrita e manutenção de registros; leis e vida civil; cunhagem; pensamento abstrato e a maioria de nossas idéias e símbolos religiosos. E como Wickens conclui,

“Não existe virtualmente nenhuma evidência dessas coisas básicas, processos e idéias terem sido de fato inventados no Ocidente.” Wickens

Esse artigo foi originalmente uma análise feita pela autora, Camilla Sayf, datado de 5 de Julho de 2003, sobre a publicação Introdução à Ciência Islâmica, de autoria da FSTC Limited (Foundation for Science Technology and Civilisation).[1]



Footnotes:

[1] Ressalva: Nem todas as opiniões dessa autora são mantidas por IslamReligion.com.

Pobre Melhor

Adicione um comentário

  • (Não é mostrado ao público)

  • Seu comentário será analisado e publicado dentro de 24 horas.

    Campos marcados com um asterisco (*) são obrigatórios.

Outros Artigos na Mesma Categoria

Mais visualizados

Diariamente
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
Total
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)

Favorito del editor

(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)

Listar conteúdo

Desde sua última visita
Esta lista no momento está vazia.
Todos por data
(Leia mais...)
(Leia mais...)

Mais populares

Melhores classificados
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
Mais enviados por email
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
Mais impressos
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
Mais comentados
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)

Seus Favoritos

Sua lista de favoritos está vazia. Você pode adicionar artigos a esta lista usando as ferramentas do artigo.

Sua História

Sua história está vazia.