O que é Sikhismo? (parte 1 de 2): Dez gurus e um livro

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Descrição: Uma religião nascida da insatisfação.

  • Por Aisha Stacey (© 2015 IslamReligion.com)
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Sikhism1.jpgO Sikhismo se originou da palavra Sikh, que por sua vez vem da raiz em sânscrito śiṣya que significa discípulo ou aprendiz.  É a quinta maior religião do mundo, com aproximadamente 27 milhões de adeptos.  A maioria dos sikhs vive na região do Punjab da Índia ou do Paquistão, mas existem sikhs no mundo todo, com mais de 336.000 só no Reino Unido.  O Sikhismo foifundadono século 15 peloguru Nanake é baseado em seus ensinamentos e nos de nove gurus sikh que se seguiram a ele.

O guru Nanak nasceu em uma família hindu em uma época da história diferente da nossa, na qual os hindus e os muçulmanos estão em uma situação extrema de conflito.  Sentiu-se compelido a formar a religião sikh afirmando: "Não há hindu, não há muçulmano, então qual caminho seguirei? Seguirei o caminho de Deus." O guru Nanak e aqueles que se seguiram a ele rejeitaram o sistema de castas hindu e se empenharam muito para erradicá-lo de seus modos de pensar.  Como o sistema de castas foi em uma época identificável pelo sobrenome, todos os homens sikhs usando o sobrenome Singh, que significa leão, e as mulheres o sobrenome Saur, que significa princesa. 

Nove homens iluminados se seguiram ao guru Nanak e juntos ficaram conhecidos como os dez gurus.  A palavra guru vem do idioma sânscrito e significa professor, pessoa honrada, religiosa ou santa.  O Sikhismo acrescenta uma definição muito específica à palavra guru - a descida de orientação divina para a humanidade por meio de dez iluminados.  O estabelecimento da religião sikh começou com o guru Nanak em 1469; o espírito divino foi passado através de cada guru.

Depois da morte do décimo guru, Gobind Singh, em 1708, as escrituras sagradas sikh foram chamadas de Guru Granth Sahib.  O Granth foi compilado pelo quinto guru sikh, guru Arjan Dev ji.  Ele empreendeu a enorme tarefa de coletar, compilar e escrutinizar os hinos e composições do guru Nanak e seus predecessores.  Decidiu incluir não apenas os hinos dos gurus, mas também os de outros homens virtuosos, tanto muçulmanos quanto hindus.  Não está claro se o Guru Granth Sahib é considerado uma revelação ou inspiração de Deus, mas seus ensinamentos são praticados de três formas: Cantando o Nome Sagrado e, assim, lembrando-se de Deus em todos os momentos, ganhando a vida honestamente e compartilhando com outros e ajudando os necessitados.  Assim, com isso em mente, uma forma muito simplificada[1] dos ensinamentos do Sikhismo pode ser descrita a seguir:

1.    Só existe um Deus.  Adore e ore somente para o Deus único

2.    Lembre-se de Deus, trabalhe duro e ajude os outros

3.    Deus fica satisfeito com o trabalho honesto e a vida correta

4.    Não há rico, pobre, negro ou branco diante de Deus.  As ações o fazem bom ou mau. 

5.    Homens e mulheres são todos iguais diante de Deus

6.    Ame a todos e ore pelo bem de todos

7.    Seja gentil com as pessoas, animais e pássaros

8.    Não tema e não amedronte. 

9.    Sempre fale a verdade. 

10.  Seja simples em seu alimento, vestimenta e hábitos.

Ao contrário da maioria das outras religiões, os vestem os cinco artigos de sua fé.  Esses são conhecidos como os cinco Ks.  Kesh, cabelo sem cortar, mantido muito limpo e considerado uma dádiva de Deus.  Kangha, um pequeno pente de lã para manter o cabelo preso e agir como um lembrete para manter vidas bem organizadas.  Kirpan, uma espada curta, com aproximadamente 15 cm de comprimento.  Significa honra, dignidade, bravura e o dever sikh de defender o fraco e oprimido e se apegar à verdade.  O kirpan nunca deve ser desembainhado com raiva, mas uma vez desembainhado não deve ser re-embainhado sem derramar sangue.  O kara é um bracelete de aço usado no punho direito (a menos que quem o usa seja canhoto).  O círculo do bracelete é um símbolo de Deus e unidade e o aço simboliza força e a luta pelo que é certo.  Kachs são cuecas curtas amarradas com um cordão para permitir a facilidade de movimentos na batalha.  Também simbolizam pureza e modéstia e são um lembrete da necessidade de permanecer fiel às suas esposas.

O símbolo mais largamente reconhecido do Sikhismo é o turbante usado pelos homens.  Simboliza disciplina, integridade, humildade e espiritualidade e é uma parte obrigatória da fé sikh e não um costume social.  O longo cabelo sem cortar é coberto por aproximadamente 4,5 m de tecido.  Homens e mulheres cobrem suas cabeças em público como sinal de respeito pelos gurus e por Deus.

O templo dos sikhs é conhecido como Gurdwara (a porta do guru) e geralmente também é um centro comunitário que consiste de duas salas, uma para oração e a outra na qual o Guru Granth Sahib é mantido quando não está em uso na sala de oração.  Os sikhs não têm um dia particular de devoção, mas existem serviços religiosos diariamente, oferecidos em geral várias vezes ao dia nos centros maiores.  Uma Nishan Sahib (bandeira) amarela e azul flutua do lado de fora do gurdwara para indicar um local de hospitalidade.  Ninguém pode entrar com tabaco, álcool ou drogas intoxicantes.  Os adoradores deixam seus sapatos do lado de fora e respeitosamente cobrem suas cabeças ao entrar. 

O Guru Granth geralmente está em exposição dentro do gurdwara e os adoradores se curvam no chão perante ele e fazem oferendas de alimento e dinheiro.  A maioria dos homens e mulheres geralmente se sentam separadamente, mas é um requisito cultural e não religioso.  Uma característica importante do serviço é a distribuição e compartilhamento de Kara parshad, uma mistura de semolina, açúcar e ghee.  Essa mistura é abençoada quase no final do serviço ao ser mexida com a pequena espada conhecida como kirpan.  Nos grandes gurdwaras, onde os serviços são oferecidos ao longo do dia, o Kara pashard é distribuído enquanto os adoradores entram ou saem do templo.

Na parte dois examinaremos o conceito sikh de Deus e compararemos algumas das crenças sikh com o Islã.



Notas de rodapé:

[1] (http://www.ely.anglican.org/education/schools/collective_worship/documents/Background.pdf)

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O que é Sikhismo? (parte 2 de 2): Uma religião indiana ou monoteísta?

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Descrição: A natureza da religião e o conceito de Deus. 

  • Por Aisha Stacey (© 2015 IslamReligion.com)
  • Publicado em 09 Mar 2015
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Sikhism2.jpgO Sikhismo é conhecido como uma das religiões indianas junto com o Hinduísmo e o Budismo, que já discutimos, e o Jainismo.  Essas quatro religiões compartilham de certos conceitos chave que são interpretados de forma ligeiramente diferente por cada grupo ou subgrupo.  Estão todos ligados por uma crença no carma e no conceito de reencarnação.  No Hinduísmo a alma retorna repetidamente em muitas formas diferentes até se reunir com a fonte.  No Budismo o conceito é diferente e é chamado de renascimento, em que não há alma imutável ou eterna, e sim uma série de vidas separadas da concepção até a morte. 

O Sikhismo aceita a crença hindu no carma e na reencarnação, mas prega uma forma simples de encerrar o ciclo, vivendo uma vida disciplinada.  Os sikhs acreditam que por meio da graça de Deus e pela contemplação e repetição constantes de Seu nome, pode-se ser libertado do ciclo de nascimento e morte.  O guru Nanak explicou a seus seguidores que o nascimento é devido ao carma, as a liberação é devido a graça de Deus.  O guru Nanak ensinou que a salvação não significa entrar no paraíso após o último julgamento, mas uma união e absorção em Deus, às vezes chamado de o Verdadeiro Nome. 

O Sikhismo é essencialmente uma religião monoteísta e por essa razão tem mais em comum com o Islã do que o Hinduísmo ou o Budismo. Entretanto, como descobriremos, existem diferenças gritantes no conceito de Deus e no sistema básico de crenças.

Os sikhs usam muitos nomes para se referir a Deus, incluindo os de outras crenças, como Rama ou Allah.  Um nome comumente usado é Waheguru que significa Senhor maravilhoso.  Um sikh também acredita que Deus não tem forma, é eterno, não pode ser visto e que antes da criação tudo que existia era Deus e Seu hukam (vontade ou ordem).  Usam o número 1 para significar a universalidade de Deus.  O guru Nanak disse que Deus é onipresente e visível em todo lugar para o espiritualmente consciente.  Enfatizou que Deus deve ser visto a partir do coração de um ser humano, significando que os devotos devem meditar para progredir na direção da iluminação.

O conceito de Deus como o Deus Criador, diferente e não parte da criação é semelhante ao conceito de Deus no Islã. 

Ele criou tudo, preenche tudo, mas é separado.(Guru Granth Sahib)

"Deus criou todas as coisas." (Alcorão 39:62)

A mente apenas nunca pode conhecê-Lo.(Guru Granth Sahib)

"Nada se assemelha a Ele." (Alcorão 42:11)

Entretanto, o Sikhismo afirma que Deus está em tudo e em todos os lugares, um conceito rejeitado pelo Islã que soa familiar à noção hindu de Deus.  O Sikhismo deixa muito claro, entretanto, que também negam o conceito hindu de Deus e semideuses.  O Islã afirma categoricamente que Deus não está em todos os lugares, mas acima nos céus, próximo de Sua criação por meio de Seu conhecimento.

O Islã é a religião que foi revelada para todos os povos, todos os lugares e todas as épocas.  Os muçulmanos creem que o Alcorão é o último livro revelado, que o profeta Muhammad é o profeta final e a mensagem final de Deus para a humanidade foi revelada a ele.  Portanto, o Islã rejeita totalmente a noção de que o Guru Granth Sahib seja uma revelação de Deus.  Os sikhs escreveram suas escrituras com base em suas interpretações de certas ideias ensinadas no Hinduísmo e no Islã.  Também rejeitaram completamente alguns dos ensinamentos islâmicos e hindus, para chegar a uma combinação interessante das teologias hindu e islâmica. 

Pode haver algumas semelhanças, mas são as diferenças que expõem a incompatibilidade entre o Islã e o Sikhismo.  Elas incluem o fato de os sikhs serem proibidos de comer carne abatida ritualmente (halal), não acreditarem em peregrinações, enquanto que a peregrinação à Meca (Hajj) é um pilar do Islã e cremarem os corpos de seus mortos, enquanto que os muçulmanos os enterram. 

O Sikhismo nega a realidade dos anjos e demônios, que figuram de forma proeminente na crença islâmica.  Não há conceito de recompensa e punição divinas, como paraíso e inferno. Os sikhs, como os hindus e budistas, acreditam que o carma determina se uma pessoa finalmente alcançou ou não a unidade com Deus. Entretanto, como já afirmado, rejeitam a crença hindu em encarnações (avatares) de Deus, acreditando que só existe um Deus que faz Sua vontade conhecida por meio dos gurus. 

O guru Nanak foi um reformador religioso, não o fundador de uma religião inteiramente nova.  "Embora as origens do Sikhismo tenha levado os gurus a adotar algumas das crenças do Islã e do Hinduísmo, também os levaram a rejeitar muitas delas. O objetivo era mostrar um caminho para a iluminação que estivesse disponível para todos, independente de casta, sexo ou outros fatores externos e, ao fazê-lo, estabeleceram uma religião que tem algumas semelhanças gerais com o Islã, mas que é na realidade bem diferente." [1]



Notas de rodapé:

[1] Ren Shengli e Gerhard Wohlberg.  
(http://www.  karma2grace.  org/webcomponents/faq/index.  asp?det=68)
Outras fontes:
(http://www.  sikhismguide.  org/sikh-belief.  aspx)
(http://www.  religioustolerance.  org/sikhism2.  htm)
(http://www.  religionfacts.  com/sikhism)
(http://www.  sikhs.  org)
(http://www.  sikhnet.  com/pages/introduction-sikhism)

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