Graça, Fé e Obras (parte 1 de 4): Os Componentes da Fé

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Descrição: A relação entre fé interior e boas obras no Islã. Parte 1: O conceito islâmico de “fé” e sua relação com a fé interior e boas obras.

  • Por J. Hashmi (© 2011 IslamReligion. com)
  • Publicado em 06 Jun 2011
  • Última modificação em 06 Jun 2011
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Introdução

Grace__Faith_and_Works_(part_1_of_4)_PT-BR_001.jpgO Islã é uma religião que dá importância tanto à fé interior quanto às obras.  Ser um muçulmano não significa meramente executar atos rituais de adoração, nem que apenas se mantenha certa crença no coração sem que ela seja aparente nas ações.  Alguns incorretamente acreditam que o Islã coloca as obras acima da fé interior, quando de fato o Islã ensina que a fé interior é o primeiro e mais importante dos cinco pilares e fundamentos do Islã. A visão islâmica é que tanto a fé interior quanto as ações exteriores compõem o que é conhecido no Islã como “fé”.

O Islã ensina que a salvação é obtida pela Graça de Deus e que Deus concede Sua Graça aqueles que têm tanto fé interior quanto boas obras.  A diferença entre o Cristianismo ocidental e o Islã não é que uma religião crê que a fé interior seja mais importante enquanto que a outra não; de fato, tanto o Cristianismo ocidental quanto o Islã acreditam que a fé interior é o fator mais integral para obter salvação.  A diferença é que o Islã ensina que embora a fé seja o fator mais importante, não é o único.  Para alcançar a salvação a fé interior deve vir associada a boas obras.  Nesse artigo examinaremos primeiro o ponto de vista islâmico e depois daremos um olhar crítico na doutrina cristão de “somente pela fé”.

Os Componentes da Fé

O Islã ensina que as obras são um ramo da fé.  A fé (iman) não é definida como mera crença interior, mas pela soma de fé interior e obras (amal). Assim, fé e obras não são duas entidades separadas, mas sim um é parte e componente do outro.  Consequentemente, o debate sobre “fé versus obras” é irrelevante para o discurso islâmico, uma vez que a última é parte e componente da primeira.  Os muçulmanos acreditam que a fé (iman) é composta de três partes: (1) crença no coração (i’tiqad), (2) afirmação pela língua (qawl) e (3) obras (amal). 

Crença no Coração

Desses três componentes de fé, a crença no coração é considerada a mais importante.  Sendo assim, mesmo desse ângulo, é incorreto dizer que o Islã enfatiza as ações externas sobre a crença interior.  Ao contrário, nenhuma obra é aceita por Deus se não vier acompanhada de crença interior correta, como a crença de que somente Deus deve ser adorado.  Deus diz:

“Já te foi revelado, assim como aos teus antepassados: Se idolatrares, certamente tornar-se-á sem efeito a tua obra, e te contarás entre os desventurados.” (Alcorão 39:65)

 As obras só são aceitas se acompanhadas de crença correta. Assim, toda vez que Deus Todo-Poderoso menciona obras no Alcorão, a palavra “crença” a precede, indicativa da visão islâmica de que a crença tem mais importância na religião do que as obras:

“Os crentes, que praticam o bem, serão os diletos do Paraíso, onde morarão eternamente.” (Alcorão 2:82)

“Deus prometeu aos crentes que praticam o bem uma indulgência e uma magnífica recompensa.” (Alcorão 5:9)

“Os crentes, que praticam o bem, ... saibam que serão os diletos do Paraíso, onde morarão eternamente.” (Alcorão 7:42)

“Quanto aos crentes que praticam o bem, seu Senhor os encaminhará, por sua fé, aos jardins do prazer, abaixo dos quais correm os rios.” (Alcorão 10:9)

“Quanto aos crentes que praticarem o bem, o Clemente lhes concederá afeto perene.” (Alcorão 19:96)

“Quanto aos crentes que praticam o bem, saibam que os absolveremos das suas faltas e os recompensaremos com algo superior ao que houverem feito.” (Alcorão 29:7)

“E atende (às súplicas) dos crentes, que praticam o bem, e os aumenta de Sua graça.” (Alcorão 42:26)

Para explicar esse conceito os sábios muçulmanos vincularam a fé a uma árvore.  A crença no coração é considerada a raiz; está oculta sob a superfície e não é visível aos olhos.  Ainda assim, a raiz é o que dá à árvore uma fundação firme, sem a qual não haveria árvore alguma.  As obras são consideradas o que está aparente acima da superfície, como o tronco e os ramos das árvores.  Essa é uma das razões por que é impróprio debater “fé versus obras”; uma pessoa pode comparar uma árvore com outra, mas seria inválido comparar uma árvore (fé) com seus ramos (obras).  Entretanto, se compararmos crença no coração às ações dos membros, então sabemos que a primeira é a raiz ou fundação, enquanto que a última é o ramo; a raiz ou fundação é sempre mais importante que um ramo.  Um ramo pode cair e a árvore continua de pé ou brota um novo, mas se cortarmos a raiz a árvore inteira cai e cessa de existir.

A crença no coração é a fundação da árvore da fé, sem a qual ela morre.  Boas obras são o tronco e os ramos dessa árvore; se não existirem ramos e somente uma raiz, em essência não haverá árvore. Quanto mais ramos existirem, mais perfeita será a árvore.  Sendo assim, dizemos que a base da fé é a crença do coração, mas ela é incompleta sem boas obras. Enquanto uma árvore não é uma árvore sem seu tronco e ramos, uma árvore não pode se manter de pé sem sua fundação ou raiz.

Consequentemente, a posição islâmica é apresentada como: fé (iman) é o pilar fundamental e mais importante do Islã.  A fé consiste tanto da fé no coração quanto das ações do corpo.  A primeira é mais importante que a segunda e a fé cessa de existir se ela estiver ausente.

A importância da crença no coração pode ser demonstrada pelo fato de que boas obras aparentes podem ser negadas se a crença no coração não estiver presente.  Por exemplo, dar dinheiro em caridade para agradar a Deus é uma boa crença acompanhada de uma boa obra e existe uma recompensa de Deus para isso.  Ainda assim, se alguém doar dinheiro para autopromover sua generosidade para as pessoas, trata-se de uma obra aparentemente boa com uma intenção má e crença interior corrupta e, como tal, não agrada a Deus de forma alguma.  O Profeta, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, disse:

“As ações são julgadas pelas intenções.” (Al-Bukhari, Saheeh Muslim)

Isso significa que as ações da língua ou dos membros não têm valor se não estiverem enraizadas na crença do coração.

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